Inoar compra marca Banho a Banho e investe R$ 12 milhões em novos itens
Além de desodorantes, linha de produtos deve ter também sabonete íntimo, talco e hidratantes corporais
Com portfólio fortemente concentrado em produtos capilares, como xampus e máscaras de tratamento, a fabricante de produtos de higiene pessoal Inoar resolveu expandir seu território nas prateleiras. Para isso, comprou a marca Banho a Banho, mais conhecida por seus desodorantes. A linha foi criada pela Johnson & Johnson e atualmente pertencia à farmacêutica Cellera no Brasil.
“Em dois meses estaremos com todos os produtos no mercado”, prevê Alexandre Nascimento, presidente da Inoar. Ele conta que a negociação com a Cellera durou cerca de três meses e foi fechada em agosto. Sem revelar o valor, Nascimento diz que a aquisição foi paga com o caixa da empresa, que em 2020 faturou R$ 130 milhões, 26% mais do que um ano antes.
Para desenvolver a nova linha, que inclui não só desodorantes mas também sabonete íntimo, talco e hidratantes corporais, a Inoar está investindo R$ 12 milhões. A companhia está nas conversas finais com fornecedores, de acordo com Nascimento. “Vamos fazer dessa linha, que estava só com desodorante, uma família de produtos. A marca terá uma cara nova, estava muito estagnada.”
O perfil dos produtos que estarão sob a marca é de venda especialmente no canal farmacêutico, um dos que mais têm crescido no varejo recentemente. De acordo com a consultoria NielsenIQ, em 2020 30% das vendas da categoria foram em farmácias. Já dados da consultoria Euromonitor mostram que de 2018 a 2020, o volume de vendas nesse canal aumentou 8%, movimentando R$ 23,5 bilhões no último ano.
O objetivo da Inoar vai além de expandir o portfólio, explica Nascimento. A ideia é que a força da marca entre os consumidores latinos também ajude a empresa a crescer em países como Chile, Colômbia, Guatemala, México e mesmo em regiões com forte presença latina nos Estados Unidos. “Era uma marca muito forte também nos países de língua espanhola. Queremos colocar essa linha para exportação.” Atualmente, 12% da receita é dos mercados externos.
Enquanto se prepara para a nova linha, a Inoar também reorganiza seu portfólio. Desde o início da pandemia, em março de 2020, a empresa reduziu seu mix de mais de 450 itens para 260. Saíram especialmente os produtos de menor valor agregado, com foco nas classes D e E, e cujo tempo de prateleira chegava a um mês. “Com a pandemia resolvemos focar nos produtos só curva AB”, diz Nascimento. “Isso melhorou muito, não só para nós, como para o lojista. Porque sabíamos que ele, depois do baque da pandemia, compraria só o que vende mais.”
A empresa também estabeleceu um teto de crescimento no faturamento: 25% ao ano. De acordo com o empresário, o objetivo é “não forçar o caixa”. “Sempre viemos crescendo mais, só que quanto mais crescíamos, mais alavancados ficávamos.”
Diante disso, e confiante da retomada da economia, Nascimento prevê que as vendas em 2021 cheguem a R$ 155 milhões. “Vejo o mercado indo bem. Não só o nosso, mas vemos o comércio geral começando a crescer.”
A empresa, que em 2018 havia contratado uma assessoria financeira para encontrar um sócio, diz agora que o foco está em seguir com o crescimento de vendas. Em 2019, um investidor entrou no negócio, adquirindo 10% do capital da companhia, mas em 2020 a Inoar comprou de volta a participação. “Não nos beneficiou sua entrada. Precisávamos de um sócio mais estratégico para bombar a marca.”
Fonte: Valor Econômico 08.09.2021