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Marcas criam produtos de beleza para pacientes com câncer

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Para ajudar a minimizar efeitos colaterais do tratamento, empresas criam alternativas sem componentes proibidos pelos médicos; empresária se inspirou no caso da mãe, que morreu em 2020

Tratamentos contra o câncer podem causar diversos efeitos colaterais – depende de cada pessoa, do tipo de câncer e do medicamento. Muito além do enjoo e da queda de cabelo, alguns tratamentos, como a radioterapia, podem causar lesões na pele. Irritação, coceira, ardência, vermelhidão e feridas são alguns dos sintomas, que podem até mesmo levar à necessidade de diminuição ou interrupção do tratamento. Por conta disso, pacientes oncológicos devem ouvir as recomendações médicas para usar determinados produtos, mesmo itens básicos como sabonete e hidratante.

Quando Márcia Brezinski teve câncer, em 2020, não foi alertada sobre os cuidados necessários para sua pele. Continuou utilizando os cosméticos que estava acostumada e sofreu com a pele irritada. Márcia faleceu dois meses após a descoberta da doença, e sua filha Natália, de 28 anos, decidiu ajudar outras pessoas que passam pelo mesmo que sua mãe. Fundou aLieve, startup de produtos oncológicos. “É o meu trabalho, mas tenho um propósito pessoal. Foi a maneira que encontrei de ressignificar minha dor.”

Os produtos seguem o movimento clean beauty, sem substâncias como álcool, sulfato, petrolato e parabenos, além de serem veganos, hipoalergênicos e dermatologicamente testados.

Outra empresa focada para o público em tratamento oncológico é a WeCare. Entre seus produtos estão uma espuma de limpeza para o couro cabeludo de quem perdeu os cabelos, que evita irritação e coceira, além de um creme que trata a síndrome mão-pé, que provoca vermelhidão, inchaço e dor nas palmas das mãos e plantas dos pés em pacientes em quimioterapia. Oncosmetic e Bionutre também são empresas com produtos pensados especificamente para pessoas em tratamento oncológico.

Por que tratamentos contra o câncer afetam a pele?

Nem todos os pacientes vão desenvolver quadros de alterações cutâneas, mas elas podem acontecer em até metade dos pacientes em tratamento ativo. A dermatologista Juliana Casagrande, Head do Departamento de Dermatologia do Hospital A.C. Camargo Câncer Center, afirma que a maioria dostratamentos contra o câncer têm como objetivo reduzir a replicação celular, deixando a pele mais sensível e prejudicando, por exemplo, a cicatrização.

Abraão Dornellas, oncologista clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e integrante do comitê científico do Instituto Vencer o Câncer, explica que a quimioterapia provoca o ressecamento ao diminuir a presença de líquido na pele. Além disso, medicamentos como a capecitabina podem levar à síndrome mão-pé. A imunoterapia, por sua vez, costuma causar rash cutâneo, que são manchas vermelhas que causam coceira e a radioterapia pode provoca queimaduras.

“Alguns tratamentos podem provocar crescimento celular exacerbado e levar à descamação da pele. Outros estimulam receptores específicos na superfície da pele e podem gerar processos inflamatórios, e ainda há os que ativam o sistema imune que reconhece células da pele como potenciais alvos, fazendo-o atacar essas células”, diz.

Lesões na pele podem levar à interrupção do tratamento

Danielle Rezende, 34, faz tratamento contra câncer e sabe bem o que é a síndrome mão-pé. Segundo ela, de todos os efeitos, esse foi o pior. “A sensação era de que minhas mãos e pés queimavam, a pele descamava e eu perdi as digitais. Meus pés ficaram com fissuras e bolhas e eu cheguei a ficar sem andar por dias”, conta.

Por causa disso, o médico de Danielle comunicou que seria necessário interromper seu tratamento. “Me recusei porque o medicamento já estava funcionando somente 50% e não queria parar de tomar”, conta. Ela testou diversos produtos até encontrar os da WeCare. A diretora e co-fundadora da marca, Cristianne Bertolami, 44, criou a empresa em 2016, após trabalhar no mercado farmacêutico e perceber a falta de assistência a pacientes em tratamento contra o câncer. “Via pessoas parando o tratamento por conta das lesões. Muita gente associa cosméticos à beleza e os vê como supérfluos, mas é qualidade de vida, é saúde”, destaca.

O pai da sócia de Cristianne, Tamara Rezende, 49, integra as estatísticas dos pacientes que precisaram interromper a quimioterapia. “Ele tem um excelente plano de saúde, foi tratado em um hospital de primeira linha, mas, mesmo assim, em nenhum momento foi informado sobre o problema de pele como efeito colateral”, lembra.

Produtos ainda têm custos elevados

Quando a família foi informada da necessidade de um hidratante especial para tratar a síndrome mão-pé, foi necessário importar o produto dos Estados Unidos. “Na época, um pote era R$ 400”, diz. “É muito satisfatório ver que nossos clientes não precisam enfrentar nem metade dos problemas que meu pai teve.”

Cristianne reconhece que, apesar de hoje serem mais acessíveis, os produtos ainda têm preços elevados. “A gente não tem volume ainda, somos uma startup e não compramos em toneladas, assim como outras empresas do ramo. Quando aumentarmos a fabricação, isso vai baratear.”

Giulianna Nardini, 24, passou por um câncer de mama e fez quimioterapia e radioterapia de 2019 a 2021. Ela sempre teve uma pele sensível, que ficou ressecada e irritada com o tratamento e conta que recebeu poucas indicações de produtos adequados, teve dificuldade de encontrá-los e achou os preços elevados.

“Foi ruim porque era quase sorte. Eu ia comprando e testando, mas com acompanhamento de dermatologista, claro.” A falta de informações fez ela produzir conteúdo sobre sua experiência. “Falava o que dava certo e o que não dava. A recepção foi muito boa, tinha muita gente passando pela mesma situação que a minha”, relata. Sua maior dificuldade foi com maquiagens.

A Care Natural Beauty, fundada em 2018, tem uma linha de maquiagem com produtos veganos e que priorizam a hidratação, fundamental para pacientes oncológicos. Luciana Navarro, 41, fundou a empresa junto com a sócia Patrícia Camargo, após detectar um tumor e precisar fazer quimioterapia. “Eu não sabia o que consumir, me senti completamente desassistida. Quem passa por quimioterapia não pode brincar de testar produto”, diz.

 

 

Fonte: Terra 10.08.2022

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