Um olhar sobre as Indie Brands brasileiras

Criativas e ousadas, marcas independentes ganham novos mercados e driblam barreiras para crescer
Por Estela Mendonça
Muito presentes nas redes sociais e focadas em preencher lacunas de mercado, as indies brasileiras, assim como no resto do planeta, começam a ocupar cada vez mais espaço no país, não somente nas casas de consumidores atraídos por naturalidade, originalidade e outras especificidades, mas também chegaram aos salões de beleza e clínicas, fincando sua bandeira em mais mercados.
Um ano depois de o Portal Cosmetic Innovation publicar “A inovação subversiva das indies brands”, que abordou essa grande disrupção no mercado de beleza, a Factor-Kline, empresa de consultoria e inteligência de negócios lançou, no final de 2019, o estudo inédito “O Mercado de Indie Brands de Cosméticos no Brasil – Oportunidades de investimentos”, que mapeou mais de 60 indie brands locais, que juntas respondem por um faturamento de R$ 400 milhões.
Entre as revelações do estudo, a taxa de crescimento foi uma das que mais surpreenderam: em média 40%. Cerca de 90% dessas empresas foram fundadas entre 2015 e 2019, o público-alvo da maioria delas tem entre 19 a 40 anos e busca consumo mais saudável, sustentável e ético. Por isso, os ingredientes naturais imperam: 86% possuem um portfólio totalmente vegano, 74% totalmente natural e 23% apenas produtos orgânicos. Outra característica que chama a atenção é o alto índice de terceirização, que chega a 72% da produção. No que se refere aos canais de vendas, as lojas físicas também dominam, com 72%.
Enquanto 60% das marcas atuam no segmento ética e bem-estar, com foco em hair e skin care e foram fundadas por mulheres, 40% atendem segmentos específicos, são especialmente focadas em barba e hair care e foram majoritariamente fundadas por homens.
Desafios
Segundo Juliana Bondança, gerente de projetos da Factor-Kline, essas empresas enfrentam também muitos desafios. “São empresas de pequeno porte com diversas carências e desafios para viabilizar um crescimento mais sustentável e perene, com destaque para falta de capital de giro para suportar o ritmo de crescimento, acesso a informações e inteligência de mercado, estrutura logística ineficiente, falta de escala para acessar matérias-primas, entre outros”.
Fabricia Souza, coordenadora de Marketing e Especialidades da Bandeirante Brazmo, avalia que as indie brands cresceram muito mais que grandes marcas e o número de empresas continuam em ascensão. “Acreditamos que esse impulso se deve à inovação, agilidade, criatividade, forte marketing digital, autenticidade e linguagem mais próxima do consumidor final, que está cada vez mais exigente”.
A executiva atribui à personalização e à busca de nichos de mercado o fato de as indie brands estarem atingindo fatias de mercado antes ocupadas apenas por grandes indústrias. “Elas apresentam produtos com conceitos multifuncionais, utilizando biotecnologia, tecnologia e combinação de ativos inovadores. As indie brands não têm medo de arriscar. São empresas simples e modernas, muitas vezes consideradas formadoras de opinião nas suas respectivas categorias e que buscam oferecer soluções únicas para os consumidores”, ressalta, acrescentando que a percepção de que tudo é feito com muito mais cuidado faz com que as pessoas se sintam bem em investir em um produto dessas empresas.

Fabricia Souza, coordenadora de Marketing e Especialidades da Bandeirante Brazmo