As vendas de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPPC), registraram alta de 1,7% em 2021, totalizando R$ 124,5 bilhões. O resultado, embora positivo, ficou abaixo das altas alcançadas em 2019 (3,9%) e 2020 (4,7%), segundo a Euromonitor International.
Ainda sob o impacto da pandemia, os produtos de oral care e para banho apresentaram o melhor desempenho, 7,4% e 7,2%, respectivamente. Na outra ponta, as categorias de cosméticos coloridos (-4%) e desodorantes (-3,1%) foram as mais impactadas negativamente. Somadas as participações, Natura & CO, Unilever e Grupo Boticário foram responsáveis por mais de 37% das vendas de HPPC no ano passado.
Segundo relatório da Kantar, que contabilizou que o total de cesta de consumo massivo teve retração de 2,6% em 2021, o segmento de higiene e beleza, que representa 17% da cesta, apresentou uma redução de 4,1%. Além de racionalização no consumo, houve uma maior procura por produtos mais acessíveis, resultando em avanço das marcas economy, que cresceram em participação, na comparação entre 2020 e 2021, especialmente nas categorias de desodorante (7,3%), deo colônia (5,2%), maquiagem (3%), shampoo (2,7%) e lâmina de barbear (2,6%).
Retração ex-factory
Já de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), que conta com cerca de 400 empresas associadas, com uma representatividade de 90%, o setor registrou queda de 2,8% em vendas ex-factory em 2021 em relação ao ano anterior, quando o resultado foi positivo de 5,8%.
O segmento de higiene pessoal, com alta de 4,7% em vendas ex-factory, impediu que o cenário fosse ainda mais negativo para o setor, segundo a associação. Por outro lado, os demais segmentos registraram quedas expressivas: cosméticos (-15,4%), perfumaria (-2%) e Tissue (-9,4%). O sabonete, com crescimento de 9,7%, em relação a 2020, foi o produto com melhor desempenho, seguido dos produtos para tratamento capilar (5,8%). Já os itens de cuidados da pele, que registraram alta de 21,9% em 2020, sofreram queda de 12,4% em 2021.
“Foi uma surpresa muito grande quando fechamos 2021 com uma queda no faturamento bastante significativa”, disse o presidente-executivo da entidade, João Carlos Basilio, durante evento no mês passado, que debateu desafios e perspectivas do setor. Destacou, entretanto, que esse foi um percentual médio e que algumas empresas conseguiram bons resultados ao enxergarem as oportunidades em meio à crise. “Quem estava atento aos novos hábitos do consumidor brasileiro se deu bem e surfou na onda de uma maneira positiva”.
Balança comercial
As exportações da Indústria de HPPC alcançaram US$ 700 milhões em 2021, crescimento de 14,9% em relação ao ano anterior (US$ 609,3 milhões). Já as importações somaram US$ 688.4 milhões, aumento de 17,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior (US$ 585,9 milhões). “O saldo vinha deficitário, mas com o aumento das exportações a partir de agosto e o com mês de dezembro decisivo, alcançamos o superávit na balança comercial do setor”, afirmou Basilio. Em 2021, o Brasil exportou produtos de HPPC para 173 países e importou de 75 países.
Crescimento global
O mercado global de higiene e beleza cresceu 7,2% em 2021 em relação ao ano anterior, de acordo com os dados da Euromonitor International, alcançando US$ 529,835 bilhões. Estados Unidos e China, que ocupam as primeiras posições no ranking de países, foram os que tiveram o melhor desempenho, 10,7% e 9,8%, respectivamente. O Brasil permaneceu na quarta posição, atrás do Japão. L’Oréal, P&G e Unilever lideram o ranking de players.
Franchising
O mercado de franquias mostrou recuperação em 2021, compensando grande parte das perdas de 2020. No balanço realizado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), o faturamento saltou dos R$ 167,187 bilhões em 2020 para R$ 185,068 bilhões em 2021, um crescimento de 10,7%, perto do alcançado de 2019 (R$ 186,755 bilhões).
O segmento de saúde, beleza e bem-estar apresentou um resultado ainda melhor, crescendo 11,2% em relação a 2020, com faturamento de R$ 39 bilhões em 2021. O número de unidades cresceu 10,5%, chegando a cerca de 30 mil pontos no país.
Comércio eletrônico
A 45ª edição da pesquisa Webshoppers, realizada pela NielsenlQ, aponta que o e-commerce brasileiro cresceu 27% em 2021, totalizando R$ 182,7 bilhões em vendas. O número de consumidores se elevou em 10% e já são 87,7 milhões. O segmento de perfumaria e cosméticos, que respondeu por 12% das vendas online em 2021, cresceu 14%.
O que esperar de 2022
Mesmo apontando a carga tributária, a alta de juros e o desemprego entre os principais desafios, Basílio se mostra otimista para o desempenho do setor este ano. “Acredito que o nosso país tenha todas as condições de superar esses desafios e por meio da inovação vamos encontrar cada vez mais caminhos positivos que levem o nosso setor a patamares mais altos. Vamos continuar sendo resilientes, perseverantes e fortes para encontrar soluções para os desafios que se apresentam”, concluiu.