A incomum história de sucesso por trás da Benefit
Em 1976, em São Francisco, nos EUA, duas ex-modelos, irmãs gêmeas, atenderam prontamente a um pedido insólito: criar uma maquiagem que deixassem rosados os mamilos de uma dançarina que exibia os seios durante suas apresentações na Califórnia, em meio à efervescência hippie, flower power, disco, tudo ao mesmo tempo agora.
No mesmo ano em que nasceu o Benetint (que há décadas é um sucesso de vendas como enrubescedor de lábios e bochechas), era inaugurada também a Benefit. Inicialmente chamada The Face Place, a loja de Jane e Jean vendia maquiagem e se destacava por um serviço que viraria outro best-seller da marca: o design de sobrancelhas. “O melhor conselho que minha tia Jane me deu foi sempre limpar ou destacar a sobrancelha antes de tudo. Você verá que não precisará de tanta maquiagem”, diz Maggie Ford, 35 anos, que com a irmã, Annie, 30, são as atuais porta-vozes da Benefit.
Pode parecer contraditório a dona de uma marca de make-up sugerir se maquiar menos. Quem conhece a Benefit, porém, sabe que a filosofia da marca inclui o que Jean e Jane definiram como “soluções imediatas de beleza”, em que o foco não é a maquiagem profissional para fotos, mas para o dia a dia. Seus produtos são leves, bem-humorados e efetivos na vida real, traduzidos em best-sellers, com nomes impagáveis, como a máscara de cílios Tey’re Real! e o iluminador facial Whatt’s Upp.
Filhas de Jean, Maggie e Annie entraram oficialmente na empresa em 2008 e passaram a ter mais visibilidade na marca desde 2011, quando as fundadoras se aposentaram. “Nós duas participamos do desenvolvimento dos produtos e somos as Autoridades Globais de Beleza da marca”, conta Maggie sobre o cargo, que faz da dupla a imagem da Beneft internacionalmente. Seus produtos estão presentes em 42 países, tanto nas prateleiras de multimarcas como nos 2 mil bares de sobrancelha próprios. No Brasil, a marca é vendida desde 2012 na Sephora e, em 2015, abriu as duas primeiras lojas – nos shoppings Pátio Higienópolis e Iguatemi Campinas. Nesse mesmo ano, um relatório do grupo LVMH, que detém a maioria das ações da marca desde 1999, atribuiu à “originalidade de seus produtos” o crescimento global alcançado pela grife.
Ao completar 40 anos, a imagem da Benefit continua jovem, divertida e colorida. É um discurso fofo, com toque retrô, “despretensioso, mas não vazio”, salienta a dupla. “Nós definitivamente não somos uma marca feminista. Ao mesmo tempo, nos consideramos mais marcantes do que girlie. Dá para ver isso em nossas embalagens, cheias de cor-de-rosa, mas gráficas e provocativas”, diz Maggie. “Elas são o reflexo da personalidade independente, não convencional e confiante das fundadoras, e isso atrai a geração entre 20 e 25 anos, feita de mulheres fortes, profissionais e descoladas.” E que aprenderam a encarar a beleza como uma diversão, sem se levar tão a sério.
Fonte: Elle