Produtos com ativos antipoluição crescem no mercado cosmético
Compostos contra impurezas atmosféricas são aposta da população das metrópoles para melhorar saúde da pele e cabelo.
O desenvolvimento industrial e tecnológico das grandes cidades trouxe diversos benefícios e facilidades à população, mas também ocasionou algumas consequências que podem afetar a qualidade de vida, como os níveis de poluição na saúde, como pele e cabelo. Um estudo recente realizado pela L’Oréal aponta o vínculo entre poluição atmosférica e envelhecimento precoce da pele. De acordo com a pesquisa, as pessoas que vivem em cidades muito populosas têm níveis mais baixos de vitamina E e esqualeno do que aqueles que vivem em áreas rurais.
A poluição urbana é uma das principais ameaças à saúde da pele. Elementos como partículas finas revestidas com hidrocarbonetos poliaromáticos (PAHs), metais pesados e outros contaminantes, em contato com a pele e os cabelos, são capazes de penetrar camadas mais profundas, induzindo degradação de colágeno e elastina e liberação de radicais livres. Os poluentes podem causar danos celulares, secura, inflamação e pigmentação, que são fortes sinais de envelhecimento precoce da pele.
Levando em conta essa tendência, a indústria cosmética aproveitou para investir nesse nicho ainda pouco explorado e contribuir com a saúde do seu consumidor. A analista de pesquisa da Euromonitor, Maria Coronado Robles, conta que os cosméticos antipoluição já são uma tendência na região da Ásia, devido aos altos níveis de poluição do ar e agora estão ganhando espaço no cenário global.
“A crescente consciência da poluição no Ocidente e a expansão da classe média global no Oriente moldarão os padrões de compra de produtos antipoluentes nos próximos anos. Isso se traduz em grandes oportunidades mundiais para as principais marcas de cosméticos”, comenta Maria.
Entre as empresas que reconheceram essa demanda está a Chemyunion, que desde 2015 desenvolve insumos com claim antipoluição. “Em viagem à Asia, percebemos que a tendência de produtos antipoluição veio para ficar. Poluição é um problema mundial, mas muito mais crítico no continente asiático, onde a maioria dos países possuem índices de poluição 15 a 20 vezes acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde. A grande maioria dos centros urbanos mundiais (80%) também apresentam níveis muito elevados de poluentes no ar, o que justificaria o desenvolvimento de uma tecnologia antipoluição”, explica Patricia Moreira, gerente de Skin Care da Chemyunion.
A especialista ressalta que a empresa desejava investir em algo diferente do que existia no mercado. “Buscávamos uma inovação para criar uma barreira que impedisse ou dificultasse de forma eficiente a permeação de poluentes na pele. Desta maneira nasceu o SkinBlitz, que é composto de trealose, arabinogalactana e mucilagem de chia, formando um filme que reduz a permeação dos poluentes em 65%. Ao atuar desta maneira, o ativo protege o DNA das células da pele, reduz mediadores inflamatórios e marcadores de estresse ambiental, além de impedir a hiperpigmentação causada pelo excesso de poluição. Ele também foi o primeiro ativo no mercado a comprovar cientificamente este benefício e assegurar eficácia contra a poluição”, explica a gerente.
Para a área de hair care, o gerente Guilherme Cardoso apresenta o Polluout. O produto contém polissacarídeos vegetais associados ao chá verde, pantenol e xilitol, que formam uma proteção flexível com ação antioxidante e contra a fotodegradação, atuando tanto nos fios, quanto no couro cabeludo. Entre os benefícios, estão a melhora na penteabilidade a seco, aumento da força dos fios e manutenção do brilho após a exposição à poluição.
Segundo pesquisadores da área, o mercado de produtos antipoluição ainda representa um número muito baixo, apenas 1% utiliza esses ativos. Para Liliana Brenner, diretora de marketing da Ashland – empresa americana de matéria-prima, a população vem se conscientizando sobre os danos causados pela poluição e isso é um fator importante no crescimento deste nicho. “O conhecimento dos danos causados pela poluição na pele e cabelo é relativamente recente, motivo pelo qual vemos uma clara tendência de aumento do número de lançamentos para os próximos anos”, pontua Liliana.
A empresa, que também fabrica insumos para cosméticos e já lançou sete produtos com este claim, revela que está focada na pesquisa e desenvolvimento de formulações, métodos de análise e estudos clínicos utilizando seus laboratórios para oferecer soluções apropriadas para a indústria de cuidados pessoais. “Como exemplo, possuímos em nosso portfólio ingredientes biofuncionais para a pele baseado no extrato da árvore de pimenta rosa peruana, uma espécie de planta reconhecida por sua resistência a poluentes atmosféricos e rica em poderosos polifenóis biodisponíveis, como os derivados de quercetina, conhecidos por suas propriedades antioxidantes”, conta a diretora.
Para a Chemyunion, o problema maior na aceitação dos produtos é ainda a pouca familiaridade do consumidor. “Muitos produtos antipoluição para pele atuam apenas como antioxidantes que não trazem nenhum novo benefício, além de não estarem necessariamente atuando nos efeitos dos poluentes da pele, já que radicais livres são gerados por diversas maneiras (UV, respiração, etc.)”, opina Patrícia.
A marca também afirmou que ingredientes antipoluição recentemente lançados vêm sendo promovidos globalmente e obtendo retorno de clientes de pequeno, médio e grande porte em diferentes regiões do mundo. Já foram mais de 200 amostras solicitadas.
Tecnologia à mão dos brasileiros
Já é possível conferir os benefícios que os claims antipoluição promovem em algumas marcas brasileiras, entre elas a Acquaflora. Em 2015, a empresa lançou a linha Detox, que propõe eliminar os poluentes e oferecer limpeza profunda aos fios, além de proteção contra danos. Os produtos possuem bioativo de algas marinhas tropicais, são livres de parabenos e possuem vitaminas, minerais e aminoácidos essenciais, que protegem e tratam o couro cabeludo contra a irritação causada por agentes químicos e poluentes.
“O cabelo fica exposto a substâncias tóxicas presentes em ambientes poluídos ou até mesmo na água que usamos para tomar banho, que contém em sua composição metais pesados capazes de danificar os cabelos. Tendo isso em vista, a Acquaflora foi em busca de soluções que limpassem profundamente os fios, removendo os poluentes da sua superfície, purificando-os e ao mesmo tempo repondo os nutrientes necessários para reequilibrar tanto os fios quanto o couro cabeludo”, diz Aretha Mello, diretora de marketing da Acquaflora Cosméticos.
A grande diferença, ao escolher um produto como esse, é conseguir eliminar, ou ao menos reduzir, problemas como seborreia, vermelhidão, sensibilização e até mesmo caspa. A diretora da Acquaflora explica que os folículos tendem a sofrer inflamações de baixo grau, o que também pode levar à perda permanente dos fios. A linha Detox, segundo a empresa, possui ativos de origem vegetal e marinha, oferecendo múltiplos benefícios, dentre os quais se destaca a limpeza profunda e a remoção de resíduos e poluentes sem prejuízo da cor, química ou da hidratação.
Sobre a dificuldade de sinalização das embalagens, Aretha afirma que o consumidor consegue identificar isso com facilidade. “O termo Detox está amplamente associado à remoção das impurezas, então, além deste ser o nome da linha e estar na frente das embalagens, trabalhamos com um texto bem claro e didático no verso”, conclui.
Todas estas tendências do mercado e da indústria cosmética serão apresentadas na FCE Cosmetique, que acontece entre os dias 22 e 24 de maio de 2018, no São Paulo Expo. Credencie-se para evento e tenha acesso a conteúdos exclusivos e de relevância para o setor.
Fonte: FCE Cosmetique