Indústria revê o conceito de anti-aging
A indústria brasileira está revendo o conceito de envelhecimento no que diz respeito aos cosméticos e às suas fórmulas para reverter a idade. É por isso que muitos deles estão abolindo o termo “anti-idade” de seus rótulos como uma forma também de reconhecer o envelhecimento como algo natural – e belo.
A Natura, por exemplo, adotou recentemente a expressão “tratamento antissinais” para a linha Chronos, em contraponto à promessa de anti-idade – ou seja, a de não querer ficar velha. “Esse termo, por si só, é uma antítese! Ao negar a idade, negamos também a beleza da passagem do tempo, que é onde a vida acontece. A beleza é viva e ela muda o tempo todo, porque a gente muda, as coisas mudam, a vida muda”, acredita Fernanda Rol, diretora da unidade global de cosmética da Natura.
No ano passado, a revista norte-americana “Allure”, especializada no segmento de beleza, declarou que também não usaria mais o termo “anti-aging” – em português, “anti-idade” – em suas páginas. E não se trata de deixar de incentivar o uso de cosméticos e suas fórmulas com retinol ou ácidos que prometem peles saudáveis e, claro, resultados satisfatórios. Tudo, na verdade, é uma questão de mudar a forma como se entende a beleza e se encara o envelhecimento – que não deve ser incluído como uma patologia a se combater.
Além da Natura, a L’Óreal substituiu o termo “anti-aging” pela expressão “age-perfect”. Já a Vichy passou a adotar o “slow age”, enquanto a Clinic preferiu fechar com o “age-intelligence”.
Dermatologistas também perceberam a mudança. “As grandes empresas estão trazendo de volta a beleza atemporal. A indústria continua produzindo medicamentos e cosméticos para retardar o envelhecimento. Os princípios ativos dos produtos continuam com as mesmas funções, como a diminuição de rugas ou a produção de fibras de colágeno. O que faz diferença é como isso vai ser atraente ao consumidor, divulgando a ideia de envelhecer bem – e não, de deixar de envelhecer”, diz André Piancastelli, médico dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Para Fernanda Rol, da Natura, o aumento da expectativa de vida dos brasileiros contribui para um novo olhar sobre a transição para o envelhecimento. “Esse processo deixa de estar relacionado apenas à passagem cronológica do tempo, e fica mais relacionado ao estilo de vida e às escolhas de cada um. Tudo isso traz uma maior consciência para questionarmos os padrões irreais e estereotipados impostos pela sociedade”, finaliza.
Fonte: O Tempo