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Estudo indica que ainda não chegamos ao limite do envelhecimento

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Desde 1900, a expectativa média de vida em todo o mundo aumentou mais de 100%, graças a melhorias na saúde pública, saneamento e fornecimento de alimentos. Mas um novo estudo envolvendo italianos especialmente longevos indica que ainda não chegamos ao limite da capacidade de envelhecimento e da longevidade do ser humano.

“Se houver um limite biológico fixo, ainda não nos aproximamos dele”, disse Elisabetta Barbi, cuja pesquisa foi publicada em junho na revista Science.

O recorde atual de maior longevidade de um ser humano foi estabelecido há 21 anos, quando a francesa Jeanne Calment morreu depois de ter completado 122 anos.

Em 2016, uma equipe de cientistas da Faculdade de Medicina Albert Einstein, em Nova York, alegou que o caso de Jeanne seria ainda mais incomum do que se supunha. Eles disseram que os humanos tinham alcançado um limite fixo para sua longevidade, que eles calcularam ser de aproximadamente 115 anos.

Muitos estudiosos criticaram essa pesquisa. “O conjunto de dados era muito fraco, e as estatísticas estavam profundamente equivocadas”, disse o biólogo Siegfried Hekimi, da Universidade McGill, em Montreal.

Há muito se sabe que a mortalidade começa um pouco alta, durante a infância, e vai declinando durante os primeiros anos da vida. Volta a aumentar entre as pessoas na casa dos 30 anos, finalmente explodindo entre as pessoas de 70 e 80 anos.

Se a mortalidade continuasse aumentando exponencialmente na velhice extrema, então a longevidade humana de fato teria o tipo de limite proposto pela equipe da Einstein em 2016.

Mas não foi isso que a Dra. Barbi e seus colegas observaram. Entre os italianos muito velhos, a mortalidade deixa de aumentar: a curva ascendente simplesmente se transforma numa reta constante. Os pesquisadores também descobriram que as pessoas apresentam uma mortalidade um pouco mais baixa quando chegam aos 105 anos.

Um dos autores do estudo que identificou o limite para a longevidade humana, Brandon Milholland, questionou a nova pesquisa. Ele destacou que a investigação se limitava a apenas sete anos e a um só país.

O Dr. Milholland também criticou a análise dos dados feita pela equipe. Foram examinadas apenas duas possibilidades: a continuidade do crescimento exponencial da mortalidade, ou a sua estabilização. Para ele, a verdade pode ser algo entre as duas alternativas.

Já o Dr. Hekimi elogiou o estudo, descrevendo suas conclusões como “muito interessantes e surpreendentes”.

A nova pesquisa não explica por que as mortes se estabilizam entre os extremamente velhos. Uma possibilidade é que algumas pessoas tenham genes que as tornam mais frágeis do que outras. As pessoas mais frágeis morrem mais rápido que as pessoas mais resistentes.

Uma mortalidade estável não significa que os centenários vão viver mais. O novo estudo indica que eles ainda têm uma probabilidade de morrer muito mais alta que alguém de 90 anos.

Será difícil alcançar a idade de Jeanne Calment, disse Tom Kirkwood, reitor assistente de envelhecimento da Universidade de Newcastle, na Grã-Bretanha, que não esteve envolvido no novo estudo.

“Quanto mais elevado se torna o teto com a quebra sucessiva de recordes, mais difícil se torna alcançá-lo ou superá-lo”, disse ele.

Fonte: New York Times/Estadão

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