Os 9 sinais biológicos do envelhecimento
“Não conheço ninguém que melhore com a velhice do ponto de vista biológico.” Ainda que a frase do médico Manuel Serrano, do Centro Nacional de Pesquisas Oncológicas da Espanha, seja desanimadora, também deve ser encarada como um ponto de partida para lidar com os efeitos do passar dos anos.
Serrano é coautor do estudo Os sinais do envelhecimento, no qual são enumerados os principais processos que ocorrem no organismo de mamíferos, inclusive o de seres humanos, quando envelhecemos.
“São fatores inevitáveis”, diz Serrano. “Podem ser mais ou menos preponderantes em uma pessoa por seu estilo de vida ou genética, mas ocorrem sempre em maior ou menor medida.”
Confira os 9 pontos destacados pelo especialista:
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- Danos se acumulam em nosso DNA
O DNA é como um código que é transmitido entre as células. Com a idade, vão aumentando os possíveis erros que podem ocorrer quando essa informação é passada adiante – e esses erros se acumulam em nossas células.
O fenômeno é conhecido como “instabilidade genômica” e é especialmente relevante quando o dano no DNA afeta as funções das células-tronco, o que põe em risco seu papel de renovar tecidos.
- Os cromossomos se desgastam
As cadeias de DNA têm em seus extremos uma capa protetora chamada telômero. Quando envelhecemos, os telômeros vão se desgastando, o que deixa os cromossomos sem proteção.
Isso faz com que eles não se repliquem corretamente, o que é problemático. Pesquisas associam a deterioração dos telômeros ao desenvolvimento de doenças como fribrose pulmonar e anemia aplástica, o que faz com que diferentes tecidos percam sua capacidade de regeneração.
- A expressão dos genes se altera
Nosso corpo desenvolve processos epigenéticos, que ditam a forma como o DNA se expressa, um processo que indica a cada célula como ela deve se comportar, ou seja, ser uma célula de pele ou do cérebro, por exemplo.
Os anos e hábitos podem alterar a forma como se dão essas instruções epigenéticas, o qual pode fazer com que as células se comportem de forma distinta da que deveriam.
- Perdemos a capacidade de renovar as células
Nosso organismo tem a capacidade de prevenir a acumulação de componentes “danosos” e garantir a renovação contínua de nossas células.
No entanto, essa capacidade diminui com os anos. Assim, as células vão acumulando proteínas inúteis ou tóxicas que, em alguns casos, estão relacionadas com enfermidades como Alzheimer, Parkinson e catarata.
- O metabolismo das células se descontrola
O passar do tempo faz com que as células percam sua capacidade de processar substâncias como gorduras e açúcares.
Assim, podem surgir doenças como a diabetes, porque a pessoa não consegue metabolizar de maneira adequada os nutrientes que chegam às células.
- As mitocôndrias ficam menos eficientes
As mitocôndrias fornecem energia às células, mas, com os anos, perdem sua eficácia. Quando as mitocôndrias não funcionam bem, podem causar danos ao DNA.
Alguns estudos sugerem que reparar as funções das mitocôndrias poderia aumentar a expectativa de vida dos mamíferos.
- As células se tornam ‘zumbis’
Quando uma célula acumula muitos danos, isso interrompe seus ciclos, o que evita a produção de outras células defeituosas.
Mas, ao mesmo tempo, isso acelera seu próprio envelhecimento, o que, por sua vez, pode causar outros danos relacionados a nível celular com o passar dos anos.
- As células-tronco vão parando de trabalhar
A redução do potencial regenerativo dos tecidos é uma das características mais evidentes do envelhecimento.
As células-tronco se esgotam com o tempo e deixam de cumprir esta função.
Estudos recentes sugerem que rejuvenescer as células-tronco poderia reverter a forma como o envelhecimento se manifesta no organismo.
- As células deixam de se comunicar
As células estão em constante comunicação entre si, mas, conforme envelhecemos, essa capacidade vai diminuindo, o que aumenta as inflamações – isso, por sua vez, impede que outras células se comuniquem, criando um ciclo.
A falta de comunicação também faz com que sejam reduzidos os alertas sobre a presença de agentes patogênicos e células cancerosas.
Ainda que Serrano aponte que a juventude eterna é uma meta “distante”, esse tipo de pesquisa pode servir para “atrasar a deterioração generalizada dos tecidos e órgãos, com o objetivo de atrasar o surgimento de doenças associadas” ao processo de envelhecimento.
Além disso, ainda que esses efeitos sejam inevitáveis, Serrano destaca que “podem ser reduzidos com estilos de vida saudáveis”.
“Hoje em dia, a vida das pessoas mais velhas é muito melhor e mais saudável do que há décadas. Podemos desfrutar da vida ainda que tenhamos uma idade avançada.”
Fonte: BBC