Lançamentos de beleza põem à luz o invisível e populoso universo da pele
Há pouco mais de um ano, o Portal Cosmetic Innovation publicou a matéria Indústria cosmética embarca no desafio de desvendar o microbioma da pele, o tema ainda era bem desconhecido pela maioria dos consumidores e até por uma boa parte dos fabricantes de produtos de higiene e beleza.
“Na última década, parcerias em pesquisas sobre microbiota cutânea, desenvolvidas por gigantes do setor cosmético, têm impulsionado o desenvolvimento de produtos inovadores. Desde a intensificação das pesquisas sobre o assunto, novas descobertas indicam que a diversidade do microbioma deve ser um recurso valioso na personalização de tratamentos médicos e cosméticos”, avalia Juliana Bondança, gerente de projetos da Factor-Kline, que prevê que os produtos que promovam o equilíbrio e a proteção do microbioma da pele, como prebióticos, probióticos e pós-bióticos, são promissores para os próximos anos.
Entre os países que estão se destacando, o Reino Unido lidera o ranking global de lançamentos para cuidados faciais voltados para o microbioma da pele. Mais de 37% dos lançamentos mundiais em 2018 foram no Reino Unido, seguidos pelos EUA e França, de acordo com o Global New Products Database (GNPD) da Mintel.
A Euromonitor também divulgou estudo a respeito desse mercado em 2018, mostrando que, embora a Europa tenha sido um dos primeiros adotantes, na Ásia, as pessoas estão mais familiarizadas com os conceitos de bactérias vivas e, portanto, oferecem um ambiente mais propício para lançamentos de cosméticos com ingredientes probióticos.
Principais mercados de hidratantes e tratamentos em valor e consumo de culturas probióticas em hidratantes faciais – 2018
Visão do consumidor
Uma pesquisa recente com 5,7 mil mulheres nos Estados Unidos, realizada pela TBC (The Benchmarking Company), mostrou que 55% delas acreditam que os produtos para a pele criados sinteticamente podem ser tão bons quanto os orgânicos ou naturais e mais de 50% manifestaram interesse em usar novos ingredientes de cuidados com a pele, como CBD e alternativas ao retinol. Ao serem questionadas sobre os motivos pelos quais optariam por cosméticos personalizados, 65% das mulheres disseram que desejavam produtos que correspondessem exatamente ao microbioma/DNA de sua pele.
A pesquisa também revelou que 87% das mulheres consideravam o conceito de cuidados com a pele com probióticos atraente e a maioria disse entender os benefícios dos produtos para cuidados com a pele com prebióticos. Três quartos das mulheres acreditavam que os prebióticos equilibram o pH da pele e 67% disseram que eles matam bactérias na pele que levam a manchas e acne.
Pesquisas avançam
Daniella Lopes Francischetti, gerente de marketing técnico do Grupo Solabia, lembra que o microbioma humano ganhou maior destaque e interesse mundial em 2007, quando foi lançado o Projeto Microbioma Humano, do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, que teve entre seus objetivos mapear o conteúdo microbiano de habitats específicos de 242 adultos saudáveis e entender como esses microrganismos poderiam contribuir para os estados de saúde e doença dos indivíduos. Segundo ela, em relação à microbiota cutânea, observou-se que ela se difere de outras partes do corpo, como, por exemplo, o intestino. Além disso, apresenta diferentes características, mas mantém um padrão nas áreas semelhantes, como pele oleosa (couro cabeludo e testa), úmida (axilas e planta dos pés) e seca (cotovelos e palma das mãos).
Para Daniella, as pesquisas atuais visam a entender como os microrganismos constituintes de cada tipo de pele podem se relacionar às doenças cutâneas, citando como exemplo os principais gêneros de bactérias encontrados nas regiões de pele oleosa saudável: Cutisbacteria (antigamente conhecida como Propionibacteria) e Staphylococci. “Na presença de um desequilíbrio da microbiota, causado por algum fator intrínseco ou externo, estas bactérias podem se sobressair perante as demais, sendo um dos fatores para o aparecimento da acne”.
A executiva enfatiza que as pesquisas vêm comprovando que a manutenção de um microbioma equilibrado é um dos pontos fundamentais para a saúde cutânea e que este balanço se dá pela aplicação tópica de produtos com pré e probióticos em suas formulações, o que antigamente acreditava-se fazer algum efeito apenas quando eram utilizados em tratamentos orais.
O Grupo Solabia é precursor no estudo do microbioma da pele. Suas primeiras pesquisas sobre este tema iniciaram-se em 1985. Em 1990, a empresa lançou o primeiro ativo, BIOECOLIA®, ativo de origem biotecnológica, composto por moléculas de glicose organizadas como glucooligossacarídeos. Sua performance vem sendo aperfeiçoada com novos testes para novos benefícios.
Seu grande diferencial, de acordo com Daniella, está nas ligações entre as moléculas de glicose que compõem a estrutura do ativo, que se dão nas conformações alfa 1-2 e alfa 1-6. “Estas ligações são mais facilmente quebradas pelas bactérias benéficas do microbioma em comparação às patogênicas. Assim, sua bio seletividade como substrato possibilita ao ativo ser considerado um prebiótico, que restringe o crescimento da flora patogênica por alimentar e estimular o desenvolvimento das bactérias benéficas à pele”, afirma, acrescentando que o ativo mantém constante ou restaura o equilíbrio do ecossistema cutâneo, evitando o surgimento de problemas relacionados, como a acne e a dermatite atópica. Ele também atua inibindo o crescimento de fungos e de cepas como Candida albicans e Malassezia furfur.
Em 2008, o Grupo Solabia lançou seu ativo ECOSKIN®, agregando mais um produto à linha de tratamento do microbioma. Daniella explica que o ECOSKIN® é um complexo simbiótico que alia a ação prebiótica do glucooligossacarídeo de origem biotecnológica com o frutooligossacarídeo de origem vegetal. Sua atividade probiótica se dá pela presença de Lactobacillus inativados. “É este o grande diferencial deste ativo, que proporciona uma ação potencializada, equilibrando a microbiota cutânea e conferindo à pele uma ótima aparência e radiância, com efeitos nutritivos, reestruturantes e calmantes”.
Daniella Francischetti, gerente de marketing técnica do Grupo Solabia
Daniella acrescenta que, além de atuarem na barreira microbiana da pele, os ativos BIOECOLIA® e ECOSKIN® também agem na barreira química, estimulando a produção dos peptídeos antimicrobianos beta-defensinas 2 e 3, que potencializam a atividade dos ativos contra os microrganismos patogênicos como antibióticos naturais.
Para completar sua linha, o Grupo Solabia lançou em 2012 o TEFLOSE®, polissacarídeo de origem biotecnológica, rico em ramnose, que recebeu esse nome por possuir uma atividade diferenciada na microbiota da pele em relação aos pré e probióticos, pois as moléculas de ramnose se ligam aos receptores dos queratinócitos, impedindo a ligação de microrganismos, ação conhecida como teflon-like. “O grande diferencial do ativo é que ele reduz a adesão, inibindo a formação de biofilme, que é a estrutura de organização das bactérias e também regula a virulência bacteriana equilibrando o ecossistema cutâneo. Dentre outros benefícios, ele modula a resposta inflamatória e controla o odor na região das axilas, proporcionando um efeito calmante, com sensação de conforto e bem-estar”.
Microrganismo intacto
Os investimentos da Symrise em desenvolvimento de novos ativos e em pesquisas para verificar a interação dos ingredientes do portfólio com o microbioma da pele têm levado a empresa a descobertas pioneiras. Júlio Bombonati, gerente de marketing para a América Latina, destaca uma importante inovação lançada no ano passado, o SymReboot® L19. “É o único ingrediente do mercado que disponibiliza o microrganismo intacto e inativo”, afirma.
Os pesquisadores da Symrise conseguiram manter a estrutura bacteriana durante todo o processo de fabricação e, assim, preservar importantes benefícios para a pele. “As células da pele reconhecem a parede celular ou os metabólitos dos microrganismos inativos, ativando os mecanismos naturais de defesa, fortalecendo a barreira cutânea e proporcionando um poderoso efeito calmante”, explica. Os benefícios do SymReboot® L19 foram testados e comprovados in vivo e uma extensa série de testes in vitro também foi realizada.
Júlio Bombonati, gerente de marketing para a América Latina da Symrise
A Symrise também foi a primeira a publicar uma pesquisa sobre o microbioma para um ativo desodorante, o SymDeo® B125, o primeiro comprovadamente microbioma-friendly. Segundo Bombonati, os pesquisadores da Symrise conseguiram comprovar que ele reestabelece o equilíbrio do microbioma, diferentemente de outros ativos desodorantes, que eliminam os microrganismos da pele, causadores de mau odor ou não. “A descoberta é importante porque globalmente existe um interesse crescente em explorar o impacto de produtos de cuidados pessoais para manter uma pele saudável”, ressalta.
Outro exemplo citado por Bombonati é o Dragocalm, um ativo natural derivado da aveia, um conhecido prebiótico, com a função de reestabelecer o equilíbrio microbiano e proporcionar conforto, com efeito anti-irritante. O executivo explica que o ativo demonstrou em testes a redução em 37% da vermelhidão e 52% da coceira em apenas 30 minutos. Além disso, inibe a liberação de mediadores pró-inflamatórios e a vermelhidão induzida por retinol.
Com base em sua experiência na extração a partir da aveia, a Symrise também desenvolveu o SymGlucan®, um derivado de aveia premium com um potencial regenerativo comprovado em estudos in vitro e confirmado in vivo, por meio de um desafiador teste de dermoabrasão, mostrando a eficácia do SymGlucan® na recuperação da barreira cutânea. Além de formar um filme que evita a desidratação da pele, as principais frações do ativo penetram no estrato córneo e interagem com lipídeos e fosfolipídios, estimulando a produção de ácido hialurônico e a reparação dos tecidos.
Regeneração da pele submetida à dermoabrasão em dois dias
Prebiótico premiado
O mel, que sempre foi muito valorizado, tanto como alimento quanto em cosméticos, foi o ponto de partida para que a empresa suíça Mibelle Biochemistry desenvolvesse o Black BeeOme™, ativo projetado para equilibrar o microbioma cutâneo e garantir uma pele saudável. Ele é resultante do mel da abelha rara e escura Apis mellifera mellifera, extremamente resistente às condições adversas dos vales suíços, fermentado com a bactéria Zymomonas mobilis.
Rogério Mancini, diretor comercial da Volp, que distribui com exclusividade no Brasil o portfólio da Mibelle, explica que a fermentação elimina os açúcares básicos glicose, frutose e sacarose do mel, sendo que os demais açúcares de cadeia longa estabilizam e equilibram o microbioma individual da pele.
Segundo o diretor, estudos clínicos e in vitro comprovaram que o Black BeeOme™ promove uma regeneração mais rápida da microbiota da pele, após ser lavada, além de restaurar a barreira cutânea, reduzir a produção de sebo, clarear e uniformizar o tom da pele. Ao ser aplicado em uma máscara de folha, o Black BeeOme™ mostrou uma melhora significativa da pele em voluntários que vivem em áreas poluídas urbanas, após apenas 15 minutos de uma única aplicação.
“Como ter o microbioma cutâneo bem equilibrado é importante para uma pele saudável e bonita, proteger seu equilíbrio e sua recuperação representa uma estratégia vencedora para os produtos para cuidados com a pele”, destaca Mancini, que indica o Black BeeOme™ para aplicações em máscaras de folhas, formulações antimanchas, produtos matificantes, para peles sensíveis, entre outras.
A inovação representada pelo Black BeeOme™, que tem certificação Cosmos, foi reconhecida com o primeiro lugar no Innovation Zone Best Ingredient Award, concedido durante a in-cosmetics North America, realizada em outubro do ano passado. Em abril de 2019, o ingrediente já havia sido premiado como o mais inovador ingrediente em produtos naturais no 17º European Innovation Award BSB.
Black BeeOme™ foi desenvolvido a partir de mel de abelha rara
Metabólitos restauradores
Eliane Dornellas, responsável técnica de P&D da Colormix Especialidades, acredita que, à medida que novos produtos cosméticos que abordam o tema microbioma da pele são lançados, o entendimento se amplia no mercado e se torna a cada dia mais atrativo para a indústria da beleza. “Explicações claras são necessárias para que os formuladores e consumidores entendam as diferentes opções existentes desse tipo de ativo. Assim como também é importante conhecer seus mecanismos de ação e como são produzidos”, explica.
A especialista destaca que o couro cabeludo é uma região que vem ganhando destaque no mercado cosmético, é importante manter o equilíbrio de seu microbioma para a garantia de cabelos saudáveis. “O equilíbrio de espécies microbianas como Malassezia furfur e Staphylococcus epidermidis no microbioma do couro cabeludo, por exemplo, é essencial para garantir um couro cabeludo saudável, sem dermatite seborreica ou atópica”.
Para ela, conhecer esses habitantes de cada região da pele e descobrir como restaurar o seu equilíbrio, pode ser o caminho para a moderna cosmetologia. “Os cosméticos podem ajudar com esta missão de promoção da higiene, tonificação, hidratação e nutrição cutânea, sem agredir o microbioma saudável da pele. A Colormix Especialidades possui em seu portfólio opções saudáveis para projetos cosméticos, que além da eficácia tecnológica, respeitam esse rico e importante ecossistema”.
Eliane cita os tensoativos suaves, livres de sulfatos, à base de óleo de oliva e de aminoácidos, conservantes, espessantes, corantes, fragrâncias e emolientes naturais, destacando também o DEO AP, um substituto do cloridróxido de alumínio em produtos antiperspirantes, além de ativos antioxidantes, nutritivos e para proteção cutânea, como vitamina C estável, Ácido Ferúlico, Threalose, Pulullan, Ácido Poliglutâmico, Esqualeno, Ceramidas e o Apalight (Hidroxiapatita, um filtro físico substituto para dióxido de titânio), que ela classifica como coadjuvantes para criar cosméticos alinhados com a microbiota da pele.
A Colormix Especialidades oferece um pós-biótico patenteado pela empresa italiana Kalichem, o Kalibiome (INCI: Ferment Lactobacillus, Manitol). “Trata-se de um ativo disponível em duas versões, o Kalibiome Sensitive para peles e couro cabeludo sensível e o Kalibiome Age, que agem entregando na pele os metabólitos tão desejados para o seu restabelecimento, transformando-a em uma pele saudável e jovem”.
Eliane Dornellas, responsável técnica de P&D da Colormix
Microbiome-friendly
Segundo Eliane, por ser um pós-biótico, o Kalibiome é um ativo sem bactérias vivas e sem fragmentos bacterianos residuais. Ele contém substâncias ativas puras e sem conservantes, não sendo necessário armazenamento específico para a sua conservação. “Durante sua produção por fermentação, as bactérias utilizadas (Lactobacillus) não estão sujeitas a lise, prensagem ou a qualquer processo que afete a integridade de sua parede bacteriana. Apenas os metabólitos desejados são oferecidos para o restabelecimento das principais funções da epiderme. Isolados e separados das células bacterianas por um processo físico, que não afeta a integridade da parede bacteriana (que permanece inalterada). Isso ocorre em condições controladas e finalmente eles, os metabólitos, são liofilizado para se obter o Kalibiome”.
De acordo com a especialista, a composição do Kalibiome inclui oligopeptídeos (5 a 13 AA), acidos graxos (MCFAs – Medium-Chain Fatty Acids, LCFAs – Long-Chain Fatty Acids e EFA – Essential Fatty Acids), que promovem preferencialmente a ação restauradora da barreira cutânea e estimulam os mecanismos de modulação do sistema imunológico, e biossurfactantes (por exemplo, Ramnolipídios) relacionados à sua capacidade de interferir com um mecanismo físico para impedir o aparecimento do biofilme bacteriano de patógenos.
Microbiome-friendly
“Ingredientes microbiome-friendly têm fundamental importância para manter a integridade da pele. As tendências de produtos cosméticos baseados em conceitos ‘the beauty of dirty’, ‘beleza bacteriana’ e ‘microbioma-like’ ganham espaço nas prateleiras e novos ingredientes cosméticos surgem para preservar a microbiota da pele”, constata Andrea Adams, gerente de Desenvolvimento de Negócios de Personal Care do Grupo MCassab, que destaca os ingredientes pós-bióticos da empresa tcheca Contipro.
Andrea verifica o crescente uso de ingredientes ativos probióticos, que são alimentos para as bactérias e que contribuem para o equilíbrio da microbiota da pele e para seu fortalecimento. Em adição, o uso de prebióticos para incentivar o crescimento e a proliferação dessas bactérias boas. Por isso, muitos probióticos contêm também prebióticos.
Já os pós-bióticos, segundo a executiva, são subprodutos metabólicos da função natural dessas bactérias e desempenham um papel essencial na preservação da microbiota da pele. Para desempenhar esse papel, ela destaca os ácidos hialurônicos de alto, baixo e baixíssimo peso molecular. “O Hyaluronic Acid (alto peso molecular) forma uma barreira hidratante sobre a pele, enquanto o Hysilk (baixo peso molecular) e o Hyactive (baixíssimo peso molecular), quando combinados, aumentam a espessura da epiderme, fortalecendo a pele e auxiliando na manutenção do equilíbrio da flora bacteriana cutânea. Esses ácidos hialurônicos são moléculas poderosas que reforçam a barreira saudável da pele”.
Outra indicação de Andrea, é o emulsionante Emulium® Mellifera, da empresa francesa Gattefossé, que testou o impacto de uma formulação com o emulsionante natural na microbiota da pele, por meio do teste de eficácia Microbiome-Friendly, usando a técnica do teste de SWAB. Foram avaliadas 31 voluntárias de pele seca (fototipo de I a IV), das quais foi retirada uma amostra do DNA genômico bacteriano presente na pele da face para identificação do microbioma de cada uma. As voluntárias receberam um creme contendo 4% de Emulium® Mellifera MB para usar duas vezes ao dia. Após 28 dias, o teste de SWAB foi repetido e não foram constatadas alterações no microbioma.
Teste de eficácia Microbiome-Friendly com Emullium® Mellifera
“Outra vantagem do emulsionante natural Emullium® Mellifera é a sua capacidade de se adaptar a todos os tipos de peles e climas, formando um leve e rico filme residual, para deixar a pele confortável e protegida, além de ter ação calmante para peles sensíveis e hipersensíveis e aumentar a hidratação”.
Coleção essencial
Endrigo Ramos, gerente de marketing LATAM, lembra que a explosão de informações e o fácil acesso a elas mudaram drasticamente a maneira como as pessoas lidam com a saúde: “Ter todas as ferramentas necessárias para monitorar, manter e melhorar nossa saúde com as pontas dos dedos nos levou a um novo hábito: o de tomar conta da nossa própria saúde”, diz, enfatizando que as pessoas prestam mais atenção ao estilo de vida, atividades físicas e nutrição para atingir seus objetivos de saúde de maneira pessoal e significativa, com foco em uma melhoria qualitativa e quantitativa da vida, o que inclui prevenção, verificações regulares de saúde, gerenciamento de dieta, aconselhamento nutricional e, mais recentemente, como a microbiota reage aos inúmeros tipos de benefícios que cosméticos podem oferecer.
“Costumávamos considerar as bactérias como uma coisa negativa, mas novas descobertas científicas nos fazem começar a considerar as bactérias mais como uma coleção essencial de micro-organismos que vivem em nos nossos corpos, cujo equilíbrio é extremamente importante e benéfico para o nosso bem-estar”.
“Hoje, sabemos que o microbioma da pele é a peça chave para melhorar a aparência da pele, abordando as causas das condições da pele e não apenas os sintomas”, diz Juliana Flor, gerente técnica LATAM da DSM, que oferece uma ampla gama de produtos probióticos, prebióticos e enzimas para saúde intestinal, além de ser especialista em ciências epidérmicas, especialmente em relação à barreira da pele. “Ao combinar nossa experiência e conhecimento em microbiologia e ciência epidérmica, criamos novas soluções inovadoras de microbioma cutâneo”.
Juliana conta que, em 2018, a DSM realizou uma pesquisa de mercado que revelou que os influenciadores da beleza são receptivos à ideia da pele como um ecossistema vivo, já que converge com a tendência mais ampla de beleza natural, holística e saudável. Já entre os consumidores, o conceito de bactérias como ‘ruins’ prevalece. “Porém, à medida que novos produtos abordando o tema microbioma da pele são lançados, essa visão começa a mudar. Os consumidores precisam de explicações claras sobre porque o cuidado da flora da pele é relevante para suas preocupações específicas com a pele. Acima de tudo, eles precisam entender como os produtos funcionam”.
Paralelamente, os cientistas da DSM demonstraram, em um estudo clínico, uma ligação entre alterações na composição do microbioma da pele e alterações nas condições físicas da pele. Eles identificaram mais de 200 espécies diferentes de bactérias e selecionaram as três espécies que têm maior impacto nos três tipos de pele mais comuns, pele seca, oleosa e normal: Cutibacterium Acnes, dominante no microbioma facial que pode influenciar a produção de sebo, sendo que certas cepas estão associadas à acne; Staphylococcus Epidermidis, cujos produtos metabólicos melhoram a retenção de umidade e a textura da pele, além de ter efeito calmante; e Corynebacterium Kroppenstedtii, um alvo para o controle da vermelhidão da pele.
Os estudos da DSM mostraram também que o tratamento da pele com os ativos OXY 229 PF, SYN-UP® e ALPAFLOR® ALP®-SEBUM leva à restauração da microbiota das peles normal, seca e oleosa, respectivamente. O OXY 229 PF é conhecido por revitalizar a aparência opaca da pele, estimulando a respiração celular e aumentando a viabilidade e a renovação celular. Os estudos da DSM mostraram que devido à sua capacidade de reduzir os níveis de sebo e minimizar a Corynebacterium Kroppenstedtii, o ativo é também uma opção para prevenir e controlar a vermelhidão facial.
O SYN-UP®, um peptídeo exclusivo da DSM, melhora a função barreira da pele, reequilibrando os níveis de uroquinase e plasmina na epiderme. Novos estudos clínicos mostram que ao influenciar os níveis de Staphylococcus Epidermidis e Corynebacterium Kroppenstedtii no microbioma da pele, SYN-UP® combate não só as condições da pele seca, mas também a vermelhidão.
Já o ALPAFLOR® ALP®-SEBUM, um extrato natural totalmente sustentável, atua no controle da produção de sebo, inibindo a enzima 5-α-redutase. Estudos recentes mostram que este ativo regula a quantidade da bactéria Cutibacterium Acnes, que também está relacionada à produção de sebo.
Juliana destaca ainda que se o microbioma do couro cabeludo estiver desequilibrado, a entrada de micróbios leva a inflamação da epiderme, ocasionando o enfraquecimento da barreira da pele e a descamação da pele no couro cabeludo. Um círculo vicioso é então formado, que pode ser quebrado com PENTAVITIN®, um complexo único de carboidratos idênticos ao da pele, que influencia o equilíbrio de espécies microbianas, como Malassezia furfur e Staphylococcus epidermidis. Além disso, estudos de expressão gênica demonstraram que PENTAVITIN® estimula os componentes epidérmicos que desempenham um papel fundamental na melhoria da barreira cutânea.
PENTAVITIN® influencia o equilíbrio de espécies microbianas
A DSM realizou também teste in vivo com PENTAVITIN® para avaliar seu impacto no microbioma da pele seca e irritada. Foram feitas contagens das bactérias existentes na pele antes e após tratamento com PENTAVITIN® e verificou-se uma melhora de 10% na diversidade do microbioma da pele, após 7 dias de tratamento. Observou-se também aumento na quantidade de Staphylococcus Epedermidis, que está associado à melhora da função barreira e hidratação da pele e diminuição de Corynebacterium Kroppenstedtii, que está associada a vermelhidão da pele.
No início de fevereiro, a DSM anunciou um contrato de colaboração e comercialização com a S-Biomedic, startup belga pioneira em tratamentos inovadores da pele relacionados ao microbioma cutâneo. A colaboração tem como objetivo disponibilizar para o mercado um novo ativo para tratamento da acne baseado em tecnologia probiótica. A DSM será o parceiro exclusivo para fabricação e comercialização do ativo que está planejado para os próximos 18 a 24 meses. “Com esta parceria e com a realização de novas pesquisas, a DSM continua sua busca por ingredientes que preservem ou restaurem o equilíbrio da microbiota da pele”, finaliza.
Indústria se mobiliza
A Amorepacific, gigante de beleza asiática e que está se tornando uma marca de luxo global nos principais mercados, incluindo EUA, Canadá e Hong Kong, acaba de abrir um novo centro de pesquisa para aprofundar os estudos sobre a cepa probiótica Lactobacillus plantarum, descoberta pela empresa, que facilita a fermentação do chá verde. Sua intenção também é desenvolver produtos inovadores em alimentos saudáveis, cosméticos e outras áreas.
A marca L’Occitane en Provence lançou este ano a linha capilar Aromacologia Equilíbrio Natural, com ingrediente prebiótico, complexo de nutrientes para as bactérias do couro cabeludo, que ajuda a promover seu equilíbrio, e cinco óleos essenciais: limão, laranja, alecrim, camomila e lavanda. O shampoo e o condicionador prometem ajudar a manter as defesas naturais do couro cabeludo e proteger dos agentes externos.
A linha capilar Semi di Lino Scalp, lançada no final do ano passado pela Alfaparf Milano, promete restauração do equilíbrio bacteriano no couro cabeludo e revitalização dos fios. A empresa atribui os benefícios à tecnologia “Microbiotic System, inovador complexo de probióticos e prebióticos”.
Desenvolvido para tratar a pele irritada e a vermelhidão (da acne ou da rosácea) o Clinique Redness Solutions with Probiotic Technology Daily Relief Cream é um hidratante sem óleo que combate a inflamação visível no rosto. O creme também inclui probióticos para equilibrar o microbioma da pele.
A Tom’s of Maine, marca natural de produtos de higiene pessoal, adquirida pela Colgate-Palmolive em 2006, acaba de lançar sua mais extensa linha de produtos em seus 50 anos de história, com 16 itens. A linha é baseada em prebióticos. “A tendência do microbioma é grande em cuidados pessoais e beleza”, disse Justin Boudrow, gerente da marca de cuidados pessoais da Tom’s fo Maine.
A Natura relançou no ano passado linha Todo dia. Os produtos passaram a contar com prebióticos, que alimentam a microbiota da pele, além de manteiga de cacau e óleo de linhaça. Outro produto da Natura que também contém um exclusivo prebiótico na fórmula é Chronos Acqua Biohidratante Renovador. O prebiótico é responsável por equilibrar a microbiota e fortalecer a barreira cutânea. Além disso, o produto conta também com fevillea, ativo da biodiversidade brasileira que estimula os mecanismos naturais de produção de ácido hialurônico, aumentando os níveis de água nas camadas mais profundas da pele, e o ácido hialurônico-BT, que aumenta os níveis de hidratação na superfície da pele imediatamente.
Produto que compõe a nova linha profissional de cuidados com a pele da Mutari, a Máscara Prebiótica da Mutari Pro Skin, que é, ao mesmo tempo, secativa, seborreguladora e regeneradora facial, foi desenvolvida com o ativo prebiótico Bioecólia, além de óleo de melaleuca, dolomita e argila branca, que protegem a barreira imunológica da pele, tem ação descongestionante e antisséptica, diminuindo a vermelhidão causada pelas manipulações durante a limpeza de pele.
excesso de oleosidade. Seus ativos dão um toque hidratante, refrescante, descongestionante e cicatrizante em todo tipo de pele.
O Futuro do microbioma
Para a Euromonitor, a disrupção no mercado de cuidados da pele representada pela abordagem do microbioma conta ainda com algumas limitações, como viabilidade científica, alto custo e disponibilidade. A empresa de pesquisas acredita que o crescimento provavelmente virá do segmento premium, mas os fabricantes de produtos de massa poderão capitalizar a tendência através dos prebióticos, como uma forma mais fácil e familiar de ingressar na tendência. Além disso, pesquisas e estudos adicionais são necessários para fazer a intersecção dos microbiomas da pele e do intestino para a saúde, em vez da exploração como dois campos separados.