Alopécia Androgenética: Compreendendo o Ciclo Capilar e o Efeito das Prostaglandinas
Por Dra. Leila Bloch – CRM-SP 108287
O foco central das pesquisas em Alopécia Androgenética atualmente é elucidar a constelação de sinais moleculares que orquestram a transição entre as fases do ciclo capilar.
Para compreender melhor o que faz com que os folículos pilosos passem para a fase anágena (fase de crescimento capilar) ou se mantenham nela, é preciso analisar a biologia do folículo piloso, área em que ainda há muito a progredir.
Os fatores que regulam a transição entre os estágios do ciclo capilar são críticos para a compreensão da Alopecia Androgenética, mas ainda não são bem compreendidos.
A unidade folicular é constituída por folículo piloso, glândula sebácea e o músculo eretor do pelo. Mas há vários outros elementos envolvidos, desde células epiteliais, melanócitos e fibroblastos do tecido conjuntivo, até as neutrofinas, que têm um papel ativo na modulação das fases do ciclo capilar. É necessário ressaltar que o folículo piloso é a parte mais inervada da nossa pele. Além disso, o suporte vascular ao folículo piloso é variável e é menor na fase telógena, ou seja, haveria uma angiogênese programada.
A papila dérmica é um componente de tecido conjuntivo localizada no bulbo do cabelo anágeno. Trata-se de zona proliferativa ricamente vascularizada.
A papila dérmica dá os sinais indutores e é necessária tanto para a indução quanto para a manutenção da fase anágena. Alguns fatores de crescimento (TNF e FGF, por exemplo) são produzidos pela papila dérmica e seus receptores estão nas células da matriz do bulbo.
As células da matriz do bulbo tem uma atividade metabólica intensa e conseguem uma replicação no couro cabeludo em apenas 39 horas – só perdem em atividade para a medula óssea. Os cabelos crescem 0,3 milímetros ao dia, crescimento que em um mês fica próximo de 1 centímetro. E é por isso que os cabelos caem bastante na quimioterapia.
O Papel das Prostaglandinas
Foi constatado que a prostaglandina D2 está elevada no couro cabeludo de homens calvos. Ela é sabidamente uma prostaglandina que inibe o crescimento capilar, enquanto as prostaglandinas E e F2 alfa têm efeito estimulatório ao ciclo capilar.
Constatou-se que exatamente essas 2 prostaglandinas com efeito estimulador para o ciclo capilar podem estar diminuídas no couro cabeludo calvo.
Seria o desbalanço dessas prostaglandinas uma possibilidade para explicar um dos mecanismos de gatilho para a fase telógena e/ou para o processo de miniaturização folicular da Alopécia Androgenética?
Sabe-se que a prostaglandina F2alfa pode estar envolvida na regulação da expressão de integrinas no RNA mensageiro, de maneira estimulatória.
Além disso, ela tem um papel de estímulo a produção de ICAM1, que é uma molécula de adesão intercelular, e agiria ainda através de estímulo da atividade da enzima proteína quinase, que tem efeito trófico ao metabolismo celular
A prostaglandina F2alfa tem efeito indutor da mitose e aumenta a transcrição de fatores nucleares que leva a síntese de proteases, que alteram o ambiente da matriz extra celular. Essas alterações são essenciais para permitir a proliferação celular, o que pode levar a transformação de pelos velus para terminais.
Entre outros efeitos, a prostaglandina F2alfa teria ainda efeito vasodilatador, de ativação da melanogênese folicular e de inibição da apoptose, aumentando a duração do ciclo celular.
LATANOPROSTA
É um análogo da prostaglandina (PGF2alfa), tradicionalmente empregado para uso tópico para tratamento de glaucoma. 71% dos usuários notaram hipertricose de cílios, com efeitos iniciais nos cílios a partir de 3 semanas de uso. Os usuários notaram aumento do número de cílios, cílios mais longos e com hiperpigmentação.
Em um estudo duplo-cego randomizado split face com latanoprosta a 0,1% em 16 voluntários com alopecia androgenética masculina inicial, após 8 semanas de uso, 9% de aumento de densidade capilar, sendo que após 6 meses foi observado aumento de 22% da densidade capilar, com aumento tanto no número de velus quanto pelos terminais.
Conclui-se que LATANOPROST A pode ser uma nova possibilidade de tratamento para a Alopécia Androgenética e Eflúvio Telógeno.