Crianças sendo crianças e embalagens sendo embalagens
Por Rodrigo Wielecosseles
– Mãe, eu quero essa escova da Branca de Neve! Pai, eu posso levar o shampoo da Peppa?
Essas frases são comuns de escutarmos nos supermercados, farmácias e no varejo de forma geral. Cada vez mais as crianças têm papel decisivo na compra dos pais, principalmente para produtos que eles mesmos vão utilizar no seu dia a dia.
A ludicidade presente e o capricho nas decorações, principalmente com personagens do cotidiano infantil auxiliam as vendas. Mas o que realmente importa?
Nesse texto procurarei explorar alguns pontos para que os desenvolvedores de embalagens e produtos para essa faixa etária possam refletir sobre o tema e serem cada vez mais assertivos em suas tarefas, pois nem só de uma decoração bonita e atraente vivem as embalagens de produtos infantis.
A praticidade aliada à conformidade do produto, sua qualidade e custo benefício são os atributos que os pais buscam de forma geral. Outro ponto importante a observar é faixa etária a qual o produto é destinado, e quem será o usuário. Um adulto que utilizará o produto na criança ou uma criança que usará o produto em si mesma.
No caso de um recém-nascido, a segurança, praticidade e confiabilidade na utilização do produto são peças-chave. O adulto que precisa segurar a criança na hora do banho não pode se preocupar em ter que usar as duas mãos para tirar o sabonete líquido ou o shampoo, ou então, em ter que decifrar a forma de utilização.
A criança que a partir de seus três ou quatro anos de idade, e isso pode variar de criança para criança, está começando a conquistar sua posição de certa independência aprendendo a tomar banho e fazer a sua higiene bucal sozinha deve ter um produto que, além de ter uma utilização segura, tendo uma embalagem sem pontas ou quinas, sem partes cortantes e que precisem de uma maior habilidade motora, possa ser utilizada por esse pequeno ser em pleno processo de aprendizado.
Já uma criança de sete a dez anos, geralmente tem a tendência de seguir os passos dos pais. Usar maquiagem, pintar as unhas, usar hidratantes corporais, lavar as mãos e rosto e usar perfume como seus pais. Seus maiores exemplos a serem seguidos nessa fase. Mas ainda, não esquecendo que são crianças e as embalagens devem prezar pela segurança de seus pequenos usuários.
Isso não muda muito, em minha opinião, em relação aos pré-adolescentes. Nessa fase, sua autoafirmação como ser humano está ainda mais aflorada, buscando provar e comprovar sua independência e um produto que tenha uma embalagem que traduza isso e acompanhe essa sua evolução pode se tornar um grande ícone e um sucesso de vendas. Pensemos que a praticidade e a aspiracionalidade que ela deve trazer pode ser o pulo do gato. É para ser usada em casa? Para levar na mochila? Um kit versátil em uma nécessaire prática, bonita e alinhada com conceitos de sustentabilidade? Vale a reflexão. As opções são muitas.
Com tudo isso e de forma geral, alguns pontos devem ser sempre observados: qual o público usuário alvo e o que é importante para ele. Formatos que sejam práticos, se possível inovadores, lúdicos, divertidos e óbvio, seguros e confiáveis e que além de terem esses atributos transmitam isso para as crianças de tal forma que elas possam continuar sendo crianças sem as embalagens deixarem de ser embalagens.