Pesquisadores da Unesp criam protetor solar natural a partir da uva e da canela
Composto feito em Araraquara (SP) tem menor risco de reação alérgica. Produto deve custar até 40% menos. Já há empresas interessadas.
Pesquisadores da Faculdade de Farmácia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara (SP), estão desenvolvendo um filtro solar com menor risco de causar uma reação alérgica e mais barato que o atual. Uva e canela são os dois produtos naturais usados na composição do novo produto.
Quando começar a ser fabricado, o composto deverá custar até 40% a menos. Já há empresas interessadas no produto, que ainda não foi patenteado porque falta descobrir de que forma a eficácia é maior, se em creme ou líquido.
Potencial do filtro
Um estudo comprovou que na casca e na semente da uva há uma molécula chamada resveratrol, e na canela há o cinamato. Sozinhas, as substâncias têm propriedades de filtro, mas unindo as duas o potencial aumenta ainda mais.
“Naturalmente eles já têm um potencial como filtro, só que associação deles permite uma potencialização desse efeito. Então foi isso que a gente conseguiu descobrir aqui no laboratório”, explicou a pesquisadora Juliana Santan dos Reis.
Exposição aos raios solares
O correto é usar sempre o filtro solar. Isso porque o tempo todo as pessoas estão expostas ao sol. Os raios ultravioleta UVB afetam a camada mais superficial da pele, que fica vermelha e dolorida quando é exposta ao sol por muito tempo.
Os raios UVA podem chegar até camadas mais profundas e causar o câncer de pele. O Instituto Nacional do Câncer estima que por ano são 175 mil novos casos. Por isso, é muito importante que existam protetores mais baratos para a população para que mais gente possa comprar e usar.
Há no mercado vários tipos de produtos. “Mas são sintéticos e podem aumentar as chances de reação alérgica. Já o da Unesp é natural. Isso minimiza algumas reações alérgicas”, garantiu Juliana.
Exposição ao calor
Os pesquisadores também procuraram saber como o filtro natural se comporta diante do calor. E isso é muito importante justamente pelas situações em que o filtro é exposto. Por exemplo, no carro, em baixo de um sol quente ou do lado da piscina. Para manter a proteção, as propriedades do filtro não podem mudar.
“Esse produto também demonstrou uma eficácia em altas temperaturas, o que é muito interessante para garantir a segurança do produto a longo prazo”, informou o professor da Unesp Jean Leandro dos Santos.
Creme, loção ou spray
O produto, que ainda é capaz de evitar as manchas da pele, é antioxidante. Isso significa que previne o envelhecimento precoce. Os pesquisadores querem saber agora qual a melhor forma de aplicá-lo. “Para que na aplicação do produto seja homogênea essa proteção. Então pode ser um creme, uma loção ou um spray, a gente está estudando”, disse a professora Vera Isaac.
Para os pesquisadores da Unesp, o filtro natural seria uma alternativa e um incentivo para mudar o comportamento das pessoas que nem sempre se lembram de passar o protetor. “Tenho a consciência, mas não uso. Se fosse mais barato, acho que o povo usaria mais”, afirmou o comerciante André Luiz Assalve.
Fonte: G1