Ao transformar inclusão em estratégia de negócios e redefinir padrões de mercado, a Fenty Beauty consolidou Rihanna como ícone empresarial e posicionou sua marca entre os principais players da indústria da beleza global.
Quando Rihanna lançou a Fenty Beauty, em 2017, em parceria com o conglomerado francês LVMH, poucos previam que a marca se tornaria uma das forças mais disruptivas da indústria de cosméticos. Em um setor acostumado a padrões limitados de representação e variedade, a entrada da artista barbadense introduziu um novo paradigma e, com ele, uma nova expectativa de mercado.
A proposta era clara: oferecer produtos de alta qualidade com uma paleta de tons verdadeiramente inclusiva. O lançamento simultâneo em 1.600 lojas em 17 países marcou uma estreia ambiciosa, consolidada por uma linha de 40 tons de base, número que logo chegou a 50. Essa decisão, além de estratégica, simbolizou um reposicionamento do conceito de diversidade na indústria da beleza. O impacto foi tão imediato que gerou o chamado efeito Fenty, fenômeno que obrigou concorrentes a reavaliar suas formulações, ampliando suas ofertas para públicos historicamente negligenciados.
Mas a estratégia de Fenty Beauty vai além da multiplicidade cromática. O rigor técnico na formulação dos produtos, pensado para atender uma ampla variedade de subtons e texturas de pele, demonstrou uma compreensão sofisticada do que significa, na prática, ser inclusivo. O objetivo não era apenas representar, era atender com excelência.
Essa abordagem se traduziu rapidamente em resultados expressivos. Apenas nos primeiros 40 dias de operação, a marca arrecadou US$ 100 milhões em vendas. Desde então, suas receitas anuais flutuam entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão, com média em torno de US$ 600 milhões, colocando a Fenty Beauty em posição de destaque no mesmo patamar de gigantes como L’Oréal e Estée Lauder.
Contudo, nem mesmo um modelo de negócios bem-sucedido está imune a desafios. Em 2025, a marca enfrentou uma desaceleração no ritmo de crescimento, sobretudo em sua tentativa de consolidação no mercado chinês, cenário descrito como “desafiador” pelo próprio grupo LVMH. A intensificação da concorrência com marcas como Rare Beauty e Kylie Cosmetics também elevou o nível de exigência estratégica, exigindo constante renovação de produtos e manutenção do engajamento com consumidores.
O sucesso da Fenty Beauty, no entanto, é apenas uma faceta do império empresarial de Rihanna. Sua marca de lingerie inclusiva, Savage X Fenty, lançada em 2018, tornou-se outra vertente relevante, com US$ 150 milhões em vendas em 2023 e uma valorização de participação estimada em US$ 270 milhões. A expansão para o segmento de skincare com a Fenty Skin e contratos publicitários de alto perfil, como sua recente parceria com a Dior como rosto do perfume J’adore, consolidam sua imagem como uma das mais influentes empresárias da atualidade.
Mais do que uma celebridade com uma linha de produtos, Rihanna se estabeleceu como uma força catalisadora de mudanças estruturais em um dos setores mais competitivos do mercado global. Fenty Beauty, ao fazer da inclusão uma vantagem competitiva real, provou que a representatividade pode e deve ser tratada como fundamento estratégico de inovação e crescimento.