Tendência global fortalece marcas enraizadas em tradições locais, impulsionadas por consumidores que valorizam autenticidade, diversidade e propósito com o e-commerce como acelerador-chave dessa transformação.
A indústria global da beleza está passando por uma reconfiguração significativa, impulsionada por um novo paradigma: a valorização da identidade cultural como diferencial competitivo e simbólico. Segundo o estudo The Rise of the Cultural Beauty Movement, da Euromonitor International, cresce em todo o mundo a demanda por produtos que reflitam tradições locais, ingredientes autênticos e narrativas enraizadas em heranças culturais.
Mais do que uma tendência estética, trata-se de um movimento estrutural em que autenticidade, ancestralidade e inovação caminham juntas, transformando a forma como marcas criam, comunicam e entregam valor.
Hoje, consumidores buscam mais do que eficácia: querem se conectar com produtos que reflitam seus valores, crenças e origem. Essa busca pela representação cultural na beleza tem estimulado o surgimento — e a internacionalização — de marcas que incorporam ingredientes tradicionais, como o chá verde da Coreia, a cúrcuma da Índia ou o óleo de argão do Marrocos, combinando rituais milenares com fórmulas e design contemporâneos.
O diferencial está em manter o DNA cultural intacto, mesmo ao escalar globalmente. Para isso, o comércio eletrônico se torna um canal estratégico: permite visibilidade global, preserva a narrativa da marca e facilita o acesso de consumidores em diferentes partes do mundo a produtos com forte identidade local.
O papel das plataformas digitais — marketplaces e redes sociais — é central nesse processo. Elas não apenas ampliam o alcance das marcas, mas também facilitam a criação de comunidades em torno de identidades compartilhadas. Nesse cenário, ganha força o fenômeno dos cultural entrepreneurs — empreendedores que traduzem suas raízes em marcas autênticas e propósito claro, especialmente entre a diáspora e públicos que valorizam diversidade, inclusão e pertencimento.
Esses movimentos estão criando novas dinâmicas de consumo, com consumidores exigentes e engajados, mais atentos à origem dos produtos e à coerência das marcas em sua comunicação.
Para as multinacionais do setor, o desafio não é apenas seguir a tendência, mas fazê-lo com credibilidade e responsabilidade cultural. Isso envolve evitar apropriações, adotar práticas comerciais éticas e dialogar com públicos diversos com sensibilidade. Já as marcas independentes, nascidas com identidade clara e propósito cultural, têm conquistado fidelização e diferenciação ao oferecer experiências emocionalmente significativas.
Segundo a Euromonitor, a ascensão da beleza cultural não é uma onda passageira ou de nicho, mas um vetor de transformação profunda no setor de cosméticos. A convergência entre comércio digital, identidade cultural e inovação cosmética aponta para um futuro onde a beleza será, cada vez mais, uma expressão da diversidade global — com respeito pelas origens e protagonismo das narrativas locais.