Farmacêutica fortalece operação em Pouso Alegre (MG), amplia capacidade produtiva em mais de 30% e projeta dobrar faturamento até 2030, com foco em nutrição, higiene, beleza e inovação digital.
A Cimed, quarta maior farmacêutica do país, acelera sua estratégia de crescimento com um investimento de R$ 90 milhões voltado à ampliação do complexo industrial de Pouso Alegre (MG). O aporte integra o plano de R$ 2 bilhões anunciado em 2024 e consolida a ambição da companhia de dobrar o faturamento anual até 2030, saltando de R$ 5 bilhões para R$ 10 bilhões.
Segundo o CEO João Adibe Marques, em entrevista concedida durante o Abrafarma Future Trends, o projeto reforça a estrutura da empresa em um momento de forte expansão nas categorias de nutrição, higiene e beleza, segmentos em que marcas como João e Maria e Carmed vêm ganhando relevância.
A primeira estreou recentemente no mercado de baby care, com itens de puericultura e higiene pessoal, e já desponta como pilar estratégico para alcançar 10% da receita projetada. Já Carmed, inicialmente reconhecida pelos protetores labiais, agora incorpora creme dental e enxaguante bucal, ampliando seu portfólio para mais de cem itens.
Expansão Fabril em duas frentes
A Unidade I, dedicada à produção de líquidos, pomadas, cremes, antibióticos, vitaminas, hormônios e itens de higiene e beleza, ganhará 3,3 mil m² adicionais, totalizando 46,8 mil m² de área construída. O investimento de R$ 17,5 milhões contempla também a expansão do almoxarifado, reforçando o fluxo de insumos e materiais de embalagem. A entrega está prevista para dezembro deste ano.
Já a Unidade II, focada em medicamentos sólidos orais e genéricos, terá uma ampliação de 26,5 mil m², alcançando 62,2 mil m² no total. Com recursos de R$ 71 milhões, o projeto contempla ainda a expansão do centro de distribuição anexo, fortalecendo a capacidade logística e de escoamento dos produtos acabados. A conclusão está prevista para maio de 2026.
Estrategia de aquisiçoes e consolidação
Além da expansão industrial, Adibe reiterou o interesse da Cimed em avaliar a aquisição da Medley, caso a farmacêutica entre oficialmente em processo de venda. Para o executivo, a integração da marca agregaria valor ao portfólio e ampliaria a competitividade da companhia.
No curto prazo, a meta mais palpável é a criação de uma divisão de consumo autônoma, voltada a categorias como hair care, baby care e solar care. A iniciativa deve aproximar a farmacêutica do modelo de grandes multinacionais de bens de consumo, reforçando a visão de Adibe de posicionar a Cimed como a “Procter & Gamble brasileira”.
A inovação também é apontada como vetor de crescimento. De acordo com o executivo, a companhia se tornou a farmacêutica nacional mais digitalizada graças ao uso intensivo de inteligência artificial em processos fabris, comerciais e de marketing.
Na produção, sensores instalados nas linhas identificam falhas em tempo real e acionam protocolos de manutenção preditiva, reduzindo paradas e aumentando a eficiência operacional. Já no marketing, a IA permitiu reduzir drasticamente custos e prazos: um comercial de 30 segundos, que custaria R$ 1,5 milhão e demandaria dois dias no modelo tradicional, hoje é desenvolvido por R$ 150 mil e entregue em apenas duas horas a todos os canais da marca.
“Estamos construindo uma empresa orientada por dados. Com mais de 600 SKUs e uma força de vendas de 1.500 representantes que atendem 90 mil pontos de venda, a integração de sell-in e sell-out é essencial para sustentar nosso crescimento”, afirma Adibe.