Desenvolvida pelo Grupo Boticário sob a direção olfativa do premiado perfumista Pierre Aulas, a O.U.i Paris, abreviação de “Original. Unique. Individuel”, é uma marca de alta perfumaria criada na França e com ateliê em Paris. Combinando tradição e inovação para traduzir a excelência do savoir-faire francês (saber fazer), suas fragrâncias, 100% veganas e cruelty-free, são enriquecidas com o exclusivo L’Essence de Grasse, um óleo precioso obtido das cinco colheitas excepcionais de grasse (rosa, lavanda, mimosa, folhas de violeta e sálvia).
A mais recente versão de Jardin de Grasse, que lança uma nova fragrância a cada dois anos, é Jardin de Grasse Sauge Blanche, uma linha genderless que celebra a ancestralidade, o frescor e a intensidade aromática da sálvia branca, um dos ingredientes mais preciosos da perfumaria contemporânea. Com fragrância, loção hidratante, sabonete em barra e líquido, a coleção é assinada por Fabrice Pellegrin, mestre perfumista reconhecido internacionalmente.
A marca também relançou a linha L’Or de Méditerranée em uma edição especial, inspirada na sofisticação da Riviera Francesa, com opções femininas e masculinas marcadas por um acorde de espumante e nuances florais e amadeiradas que evocam liberdade, intimidade e conexão.
Os perfumistas Fabrice Pellegrin e Pierre Aulas detalharam em entrevista ao portal Cosmetic Innovation suas criações, bem como o posicionamento de O.U.i no segmento da alta perfumaria.
Jardin de Grasse Sauge Blanche tem uma assinatura cítrica aromática, com notas de sálvia, flor de laranjeira e cashmeran. Qual foi a inspiração por trás dessa composição?
Fabrice Pellegrin – Essa fragrância é realmente inspirada no savoir-faire francês, que valoriza a precisão e a qualidade — valores que apliquei na escolha dos ingredientes. Cada ingrediente é único e singular, e essa nova fragrância reflete uma valorização da qualidade das matérias-primas e da excelência técnica nos processos de cultivo, colheita e extração. É a perfumaria clássica francesa em sua melhor forma.
Também tenho uma afinidade especial com grasse — é o berço da perfumaria e o meu próprio berço. Nascido em uma família de perfumistas, fui criado aprendendo tudo sobre ingredientes preciosos. Eu sinto suas fragrâncias e esse patrimônio inestimável.
A sálvia é uma nota de saída marcante nessa fragrância. O que essa planta representa para você e como ela se conecta com o conceito da fragrância?
FP – Tenho muito apreço por ingredientes naturais, pois, para mim, nada é mais perfeito do que a própria natureza. Para o Jardin de Grasse Sauge Blanche, usei sálvia esclareia de Grasse – chamamos de Clary Sage Pays. Ela é processada localmente, com nossas melhores técnicas, o que confere uma qualidade tradicional, especialmente valorizada na perfumaria fina. Trabalhamos com produtores locais que já estão na terceira geração produzindo ingredientes para fragrâncias, e que desenvolveram um verdadeiro savoir-faire em destilação, obtendo o melhor da planta.
O que você considera sua assinatura criativa? Existe um fio condutor que sempre aparece, mesmo que sutilmente, em suas criações para O.U.i Paris?
FP – Quando crio uma fragrância, foco no melhor equilíbrio entre frescor e força. Estou constantemente atento à harmonização das notas frescas com uma elevação poderosa dos materiais. Força, durabilidade e impacto são fundamentais para o sucesso de uma fragrância. Beleza, harmonia e qualidade são minhas diretrizes, minha ética pessoal. Essa harmonia definitiva na sublimação dos ingredientes mais nobres e tradicionais é algo que se revela na minha criação para O.U.i Paris.
Como Sauge Blanche se conecta com as tendências atuais da perfumaria contemporânea?
FP – Perfumes de nicho atraem consumidores que buscam diferenciação e fragrâncias de altíssima qualidade. Sauge Blanche oferece essa qualidade. Eles não seguem tendências e esperam assinaturas altamente personalizadas. As marcas de nicho me oferecem a preciosa oportunidade de criar sem limites. Essa liberdade me permite explorar territórios inexplorados, onde a arte da perfumaria se manifesta e a estética é o único objetivo.
Como foi o processo criativo ao sair de Paris para desenvolver a linha L’Or de Méditerranée?
Pierre Aulas – Embora a França seja um país pequeno em comparação ao Brasil, ela é igualmente diversa em suas paisagens e atmosferas culturais. Paris, é claro, a joia da coroa. No entanto, quando sugeri explorarmos outros territórios olfativos que também fizessem parte da alma francesa, a escolha da Riviera foi imediata. O sul da França, com seu charme solar e estilo de vida descontraído, é um convite natural à celebração da beleza, dos prazeres simples e do tempo livre. A Riviera Francesa é um destino de verão, de festas à beira-mar, de memórias inesquecíveis. Parecia o cenário perfeito para traduzir o espírito de leveza, alegria e elegância solar que queríamos imprimir na nova criação.
Como o conceito de “efervescência”, inspirado na refrescância de um espumante, se encaixa na pirâmide olfativa e como foi equilibrado com as outras notas?
PA – Na verdade, mais do que a ideia literal de efervescência, o que nos guiou foi o conceito de brindar à vida. Pensamos naquele momento em que amigos se reúnem na praia, ao pôr do sol, para celebrar – algo muito comum nas férias francesas. Essa cena inspirou uma atmosfera de frescor, descontração e alegria. Claro, o espumante veio como símbolo maior dessa celebração.
As criações de Marie Salamagne e Amandine Clerc Marie revelam nuances distintas entre o feminino e o masculino. Como foi trabalhar com essas perfumistas para garantir harmonia dentro da mesma coleção?
PA – Essa harmonia é justamente o meu papel como diretor olfativo artístico: ser a ponte entre o conceito criativo e a execução perfumística. Eu colaboro com os perfumistas para garantir que cada fragrância esteja alinhada com o DNA da marca e com a narrativa que queremos contar. Tanto a Marie quanto a Amandine são profissionais excepcionais, com quem já tive o prazer de trabalhar em projetos internacionais. Com elas, a troca é fluida e inspiradora. Para L’Or de Méditerranée, trabalhamos com uma direção artística muito clara: criar fragrâncias distintas, com personalidades próprias, mas que compartilhassem um mesmo fio condutor – o espírito do verão na Riviera Francesa, com sofisticação e leveza. Foi um processo natural e muito prazeroso.
Como você enxerga a evolução da perfumaria francesa atualmente e qual é o papel de O.U.i nesse novo cenário?
PA – Podemos ver uma evolução na perfumaria impulsionada pelas marcas de nicho, que estão levando o mercado a buscar perfumes mais premium e com mais qualidade. Acredito que O.U.i está exatamente nesse movimento, e mais do que isso: está na linha de frente dessa onda.