Cosméticos Veganos: O que falta para as empresas aderirem a essa tendência?
Falta de conhecimento sobre certificação e como implantar em uma marca já conhecida são algumas das dores dos gestores. PMEs saem na frente nesse mercado
Um consumidor mais informado e atento às questões ambientais e de consumo: essa é a tendência para toda a população global. Cada vez mais vem crescendo o número de pessoas que buscam produtos veganos e naturais. Aos poucos, diversas indústrias passam a olhar esse nicho como uma grande vertente para toda o negócio e a categoria de beleza é uma das que mais estão apostando nisso. O movimento, no entanto, ainda é tímido e esbarra em algumas dificuldades.
No caso do mercado vegano, entender a legislação para se enquadrar como marca ou produto verificado é uma das grandes dores das empresas. Isso porque entre o produto natural e o vegano existem diferenças e muitas companhias acabam por utilizar o termo “natural” no Marketing para relacionar a um produto sem origem animal ou que teste em bichos. Entender corretamente a definição para transmitir isso na comunicação é o principal passo.
Apesar das grandes marcas terem toda a estrutura e maior penetração, poucas delas arriscam assumir-se como veganas. “Veganismo é definição clara, não é conceito. Falamos aqui de boicote à exploração animal. Nem sempre são produtos naturais – se for, ótimo! Mas vegano hoje é aquele que não testa em animais, não tem nenhuma origem animal. É preciso controle sempre dos ingredientes para que cada um deles esteja em conformidade. Muitas empresas possuem interesse em serem reconhecidas, mas não passam nos testes por não ter alinhamento na origem de cada item”, conta Laura Kim, Diretora da Associação Brasileira de Veganismo, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Não é necessário ser radical
Além da dificuldade em utilizar o termo vegano em sua comunicação, outra dor entre os gestores é se aprofundar na temática diante dos consumidores mais radicais. Isso porque para muitos, a companhia como um todo dever ser vegana e não apenas um produto. “Esse radicalismo de algumas pessoas é que afasta o mercado de trazer mais novidades. Temos que estar abertos aqueles que querem dar o primeiro passo. E este passo pode ser um item apenas, mas que mostrará a ele que transformar toda sua cadeia é possível”, afirma Laura Kim.
Para não “se queimar” no mercado, muitas das grandes marcas optam por adiar essa inovação. O que acaba por fomentar a categoria de cosméticos veganos para os pequenos empreendedores. Novas empresas nascem tendo desde sua origem toda a missão do veganismo e, muitas dessas, também já buscam a vertente de serem naturais. Um movimento que vem sendo constante no mercado global, é da aquisição de empresas veganas, orgânicas e naturais, pelas gigantes do mercado. Um exemplo é o da Skinsei e Love Beauty and Planet pela Unilever.
Dessa forma, elas mantêm produções distintas e, as marcas que ainda não são livres de testes em animais ou possuem ingrediente de origem animal, não são afetadas. “Recebemos muitas mensagens de pessoas que reclamam que liberamos o selo vegano para uma marca que possui outra linha que assumidamente testa em animais. Porém, naquele produto a que se destinou ser sem origem animal, ele passou e recebeu o selo. Nem sempre é necessário mudar toda a estrutura para entrar no mercado vegano”, pontua Kim.
Tendência de crescimento
A mudança de mentalidade, no entanto, é a mais importante e é ela que vem transformando toda a cadeia de produtos no mundo. Mudar os hábitos de vida em favor da sustentabilidade do planeta e das reservas naturais também é uma atitude que vem sendo adotada na prática cotidiana. Boa parte dos consumidores (66%) já deixou de consumir alimentos pensando no planeta, segundo pesquisa feita pela Toluna.
O preço geralmente mais alto dos produtos sustentáveis não é empecilho para alguns dos pesquisados: 29% dos internautas concordam totalmente em pagar mais por estes produtos e 46% concordam em desembolsar mais reais por eles. Além disso, 58% dos respondentes acreditam que produtos sustentáveis salvarão o planeta.
Deixar de olhar para esse consumidor é deixar de investir em uma categoria que tende a ser prioridade no futuro. “O mundo está dando sinais de que é hora de mudar e as pessoas já estão começando a olhar para o veganismo como uma solução e algo que traz benefícios para ela e pra sociedade. Mesmo aqueles que eventualmente consomem algo vegano, já estão começando a fazer a sua parte. As empresas precisam fazer a delas”, conclui Laura.
5 verdades que sua empresa precisa saber sobre Mercado de Beleza vegano
– Vegano não necessariamente é natural – Um ingrediente pode ser químico e não ter origem vegetal. Contanto que ele não seja testado em animais ou não tenha origem animal, ele pode ser considerado vegano.
– Origem de cada ingrediente deve ser rastreada. Um deles que possua origem animal já acaba com a verificação vegana.
– Grandes companhias podem investir em linhas veganas, ainda que outra marca dela não seja.
– Cosmético vegano também tem qualidade – o que determina eficiência está em inovação e não em um ingrediente animal.
– Marcas pequenas também são gigantes – por nascerem com o DNA vegano em suas origens elas podem ajudar grandes companhias a traçarem estratégias e criar linhas mais verdadeiras em suas causas.
Fonte: mundodomarketing 12.07.2021