Eficácia do isômero natural ((-)) alfa bisabolol e sua cadeia sustentável de fornecimento versus produtos químicos sintéticos
RESUMO
O objetivo deste estudo foi comparar a eficácia de ambas as versões do ativo α-bisabolol: natural ((-)-α-bisabolol) e o sintético (mistura racêmica (±) α-bisabolol) no tratamento de pele e couro cabeludo sensíveis. A versão natural apresentou algumas vantagens como ser livre de farnesol, ter a cadeia produtiva completamente transparente e sustentável, além do potencial de ação garantido pela presença do isômero biologicamente ativo, isto é, o isômero negativo (-) em 100% da composição. Produtos sintéticos, embora similares aos naturais, tanto em estrutura como espectro de ação, apresentam alguns problemas inerentes à produção, como serem dependentes de produtos químicos nocivos tanto ao meio ambiente, como para seres humanos, dificuldade de purificação (i.e. composto final livre destes produtos, à níveis traço). Ademais, sabe-se que tecnologias dependentes de microrganismos possuem naturalmente um baixo rendimento, requerendo alto consumo de reagentes químicos e biológicos, que está em desacordo com técnicas industriais modernas, em termos de economia de recursos e bens naturais.
INTRODUÇÃO
O ativo α-bisabolol tem grande importância para as indústrias farmacêuticas e de cosméticos, O composto natural é extraído majoritariamente da Candeia (Eremanthus erythropappus), uma árvore nativa do Brasil, cuja ocorrência é bastante ampla, estando mais concentrada na região da Serra da Mantiqueira e na Serra do Espinhaço, no estado de Minas Gerais (Brasil). Ele pode ser usado em diversos produtos, ou seja, pode ajudar na prevenção de irritações causadas por outros ingredientes presentes na formulação. Tal efeito é devido às suas propriedades anti-inflamatórias: ele é capaz de inibir o processo de formação de edematosa e também reduz o eritema causado por radiação UV.
Citróleo é uma empresa 100% brasileira. Presente no mercado há mais de 33 anos, sua marca é estabelecida nacional e internacionalmente, reconhecida pelo padrão qualidade e comprometida com a sustentabilidade. O (-)-α-bisabolol natural produzido pela Citróleo é um produto 100% natural, obtido pela destilação fracionada do óleo essencial da Candeia. O óleo de candeia é obtido através da implantação do plano de gestão de florestas privadas da Citróleo e também através de parcerias com produtores rurais, que contemplam não apenas a remoção planejada de árvores, mas também a preservação das árvores para semeadura e regeneração natural. A Citróleo tem diversos projetos ambientais de manejo sustentável para preservar a biodiversidades natural da fauna e flora, além da responsabilidade social com os produtores e suas famílias.
Existe no mercado diferentes produtos chamados de “Bisabolol”: o produto natural, o qual é produzido pelo Grupo Citróleo, contém 100% do isômero levogiro (isômero (-)), um produto de técnicas de biotecnologia, cuja cadeia de valor é completamente desconhecida, e o sintético, que contém a mistura racêmica (isômeros (±)). Há muito se sabe que estereoisômeros individuais podem ter diferentes ações farmacocinéticas, farmacológicas, toxicológicas e metabólicas em sistemas biológicos quirais.
Uma vez que novos produtos são preparados em formatos de misturas racêmicas, e não como isômeros puros, estudos toxicológicos devem ser conduzidos nessa nova composição, uma vez eles podem mostrar diferentes atividades. É importante notar que existe uma longa experiência humana e ampla literatura científica que apoia o uso seguro do natural (-)-α-bisabolol de modo que as mais respeitadas bases de pesquisa científica não mostram evidências de estudos publicados sobre o produto sintético, que é a mistura racêmica e contém (+)-α-bisabolol, até agora, um agente desconhecido.
MATERIAIS E MÉTODOS
Neste presente estudo a eficácia do ativo natural (-)-α-bisabolol será mostrada por comparação com o produto sintético, suportada pela literatura existente sobre o tema.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Atualmente, a busca por produtos naturais está em constante crescimento, contanto que a fonte deste produto também seja conhecida. Com isso, os ativos produzidos a partir de fontes naturais são geralmente livres de efeitos colaterais, fáceis de obter, considerados saudáveis e criam renda para os produtores rurais locais.
Devido a suas propriedades farmacológicas e baixa toxicidade além da biodegradabilidade, o ativo (-)-α-bisabolol natural é alvo de diversas investigações científicas que mostram o seu efeito potencial contra algumas doenças como glioma (um tumor maligno que atinge as células responsáveis pela nutrição dos neurônios do sistema nervoso central) (CAVALIERI, et al., 2004), artrite reumatoide (COSMETIC, 1999) e clareamento da pele (LEE, et al., 2010) (ambos como coadjuvante no tratamento) além do seu uso em cosméticos como um agente anti-inflamatório de uso tópico. Contudo, sabe-se que somente a forma enantiomérica negativa ((-)-α-bisabolol) possui atividade biológica, mostrando que embora é possível possa obter um ativo sintético similar à forma natural, com grau de pureza, mas o potencial de ação ainda não será equipotente (NOVAES, 2013).
A versão sintética do α-bisabolol, como já citado, é uma mistura racêmica dos isômeros do ativo; em outras palavras, a versão sintética contém uma parte do isômero negativo (Natural Bisabolol) para apresentar eficácia.
A síntese de um novo produto químico consiste em transformações de matérias primas em um produto final, por meio de reações em condições controladas. Tais condições, além de parâmetros físicos, envolvem compostos químicos de diferentes composições, características e toxicidades. A fabricação de um composto com esta natureza sintética compreende não somente o rendimento aceitável em escala comercial; segurança e responsabilidades socioambientais são importantes critérios que devem ser analisados e respeitados, sendo necessária a avaliação de toda a cadeia produtiva para completo diagnóstico de eficiência.
É interessante notar que existe pouca informação sobre a síntese do α-bisabolol. A maioria dos trabalhos relacionados reportam o uso de farnesol como material de partida, com reações químicas cujos rendimentos que variam de 50-70%. O farnesol é um composto orgânico natural, da classe dos álcoois sesquiterpênicos. Na maioria dos casos, é um líquido hidrofóbico transparente miscível com óleos. Tal composto é citado na Lista de 26 Alergênicos de acordo com o Anexo III da Diretiva Cosmética pela 7ª Emenda (2003/15/CE) pelo seu potencial de irritação na pele sensível. Isso pode ser um aviso para o uso moderado de substâncias quimicamente obtidas até que novos estudos demonstrem que estes estão completamente livres de interferentes prejudiciais ou mesmo que não oferecem risco para os consumidores. Por outro lado, um trabalho recente mostra que não somente o natural (-)-α-bisabolol tem efeito gastroprotetor (no modelo de úlcera induzida pelo etanol), mas também as demais substâncias na composição do óleo, mostrando o benefício do uso de produtos naturais, em relação à sinergia entre seus componentes (ROCHA et al., 2010).
O (-)-α-bisabolol natural produzido por Citróleo é livre de farnesol. Isso garante que o ativo não é prejudicial para crianças ou adultos e pode ser usado em todos os tipos de produtos para a pele sensível, incluindo bebês. Além disso, o produto natural é amplamente utilizado pelas indústrias cosmética e farmacêutica, em uma variedade de formulações para cabelo, rosto e corpo como: batons e produtos para higiene oral (pasta de dente, enxágue bucal), protetores solares e produtos pós Sol, produtos para barba, óleos e produtos para bebês, produtos antiacne, maquiagens e desodorantes, cremes para mãos e condicionadores capilares. Alguns dados encontrados na literatura mostram que além do farnesol, o (-)-α-bisabolol natural (em baixas concentrações) também é uma matéria prima para a produção da alternativa sintética. Então, ambos ativos têm como origem árvores como camomila e candeia. Desta maneira o argumento de uso do produto sintético em relação ao natural para a preservação de recursos não é sustentado, de modo que produtores comprometidos com toda a cadeia de valor de obtenção de produtos naturais, como a Citróleo, representam um novo olhar de inovação e responsabilidade socioambiental.
Procedendo às observações com toda a cadeia de produção do (-)-α-bisabolol natural, é muito importante atentar-se ao início do processo; A Citróleo é uma empresa pioneira na fabricação do composto natural da candeia e está comprometida com as certificações mais respeitadas e sérias além da Política de Gerenciamento Integrado, em conformidade com as normas NBR ISO 9001:2008, Princípios e Critérios de Gestão Florestal FSC® (do inglês, Forest Stewardship Council) – Interim Rainforest Alliance/Imaflora para avaliação da candeia (Eremanthus erythropappus) no Brasil (versão 1.0). Devido à baixa toxicidade encontrada nos ativos naturais, o FDA (Food and Drug Administration – dos EUA) classificou-o como seguro (do inglês, GRAS), provando sua segurança em aplicações inclusive na indústria de alimentos.
A certificação de manejo florestal obtida pela Citróleo demonstra seu desempenho de forma responsável para a conservação dos recursos naturais, proporcionando condições dignas e justas para os trabalhadores e promovendo boas relações com a comunidade próxima à sua área. Consciente do uso correto dos recursos naturais, a Citróleo emprega técnicas de gestão sustentável, avaliando seus aspectos ambientais, sociais e econômicos, respeitando a legislação pertinente e não compactua com práticas de extração ilegal de madeira e outras atividades florestais que prejudicam os conceitos éticos. Com técnicas modernas e totalmente legais, a empresa mantém um programa para a produção de mudas e plantações sustentáveis. Este programa inclui a produção e distribuição de mais de 10 mil mudas por ano com foco na gestão sustentável das florestas naturais. Isso mostra que a produção do (-)-α-bisabolol natural não apresenta risco de degradação ou desmatamento das florestas de candeia.
Um projeto piloto em parceria com produtores rurais (o Projeto Piloto de Parceria Florestal) foi implementado no estado de Minas Gerais para o plano de manejo e plantio sustentável da árvore de candeia, incluindo apoio e geração de renda para as comunidades locais. Outro projeto para plantação comercial da Citróleo está localizado em Aiuruoca (Parque Estadual da Serra do Papagaio), uma importante Unidade de Conservação Ambiental. O plantio contribui para a preservação da beleza cênica do parque, flora e fauna nativas da região. Tal ação contribui para a conservação de recursos naturais e espécies locais, preservando Áreas de Preservação Permanente, biodiversidade, fontes e cursos d’água. Além disso, toda a água utilizada nos processos industriais passa pelo processo de tratamento e descontaminação e, em seguida, é reutilizada, bem como, todos os resíduos de produção gerados são submetidos a tratamento completo antes da eliminação.
Em relação à sazonalidade implícita à extração de produtos naturais é importante observar que a área de ocorrência da candeia, integrada com o planejamento sustentável do manejo da cultura, oferece ao produtor segurança e confiabilidade de entrega (400 a 2200 metros, em 5 diferentes estados, incluindo os biomas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica). Além disso, dentre todas as espécies já estudadas que contém α-bisabolol em sua composição, pode-se destacar a candeia, que além da considerável produção de biomassa por área, apresenta elevado teor do ativo, com alto rendimento de óleo por planta cultivada (SCOLFORO et al., 2012).
CONCLUSÃO
Assim, com todas as considerações acima relatadas, pode-se observar que a real eficácia de um ativo químico compreende não somente os resultados químicos de ação e rendimento; há de se analisar todos os pormenores das cadeias de valores e produção. Mesmo com resultados próximos, os compostos quimicamente obtidos ainda apresentam algumas desvantagens em relação ao natural, como por exemplo, os componentes secundários com ação irritante (como o farnesol). Além disso, o (-)-α-bisabolol natural (produzido pela Citróleo), foco deste estudo, tem sua produção completamente limpa e transparente, com relação a todas as etapas e metodologias empregadas, desde o plantio de mudas de candeia, até a venda do ativo final. Considerando-se as novas tecnologias emergentes de obtenção do α-bisabolol, como a produção biotecnológica mediada por microrganismos, ressalta-se que muitos estudos e testes ainda devem ser realizados para confiabilidade dos resultados. Isso porque, até agora, não se conhece os processos industriais envolvidos, bem como as cepas empregadas e principalmente, os efeitos de exposição em humanos em longo prazo. Em contrapartida, O (-)-α-bisabolol oferecido pela Citróleo é puro e 100% Natural, de origem não geneticamente modificada e está presente no mercado há mais de 40 anos, sem efeitos nocivos já relatados.
REFERÊNCIAS
CAVALIERI, E.; MARIOTTO, S.; FABRIZI, C.; DE PRATI, A. C.; GOTTARDO, R.; LEONE, S.; BERRA, L. V.; LAURO, G. M.; CIAMPA, A. R.; SUZUKI, H. “α-Bisabolol, a nontoxic natural compound, strongly induces apoptosis in glioma cells”. Biochem. Biophys. Res. Commun., 315, 589–594, 2004.
COSMETIC INGREDIENT REVIEW EXPERT PANEL, Int. J. Toxicol., 18 (3), 33-40, 1999.
LEE, J.; JUN, H.; JUNG, E.; HA, J.; PARK, D. “Whitening effect of alpha-bisabolol in Asian women subjects”, Int. J. Cosmet. Sci, 32 (4), 299-303, 2010.
NOVAES, Leandro da Rocha. Potencialização das atividades biológicas através de modificações estruturais do α-Bisabolol. 2013. Dissertação (Mestrado em Novos Materiais e Química Fina) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2013. doi:10.11606/D.97.2013.tde-08102013-101325. Acesso: 2018-01-11.
ROCHA, N. F. M.; VENÂNCIO, E. T.; MOURA, B. A., SILVA, M. I. G.; NETO, M. R. A.; RIOS, E. R. V.; de SOUZA, D. P.; VASCONCELOS, S. M. M.; FONTELES, M. M. F.; de SOUZA, F. C. F.“Gastroprotection of (-)-α-bisabolol on acute gastric mucosal lesions in mice: the possible involved pharmacological mechanisms”, Fundam. Clin. Pharmacol, 24, 63–71, 2010.
SCOLFORO, J. R.; de OLIVEIRA, A., D.; DAVIDE, A. C. “O manejo sustentável da candeia”, 1. ed., Lavras: Ed UFLA, 2012.