EMBRAPII quer unir gigantes do setor de cosméticos
Modelo de financiamento foi apresentado durante Congresso. Organização já viabilizou união de quatro grandes concorrentes para produção de fórmula inovadora
A EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, esteve dia 9 de maio participando do 2º Congresso de Inovação da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, com o tema “Pesquisa & Desenvolvimento 4.0”, que aconteceu em São Paulo.
Na ocasião, o diretor de planejamento da EMBRAPII, José Luis Gordon, apresentou o modelo de financiamento da empresa, que disponibiliza 1/3 de recursos não-reembolsáveis à indústria para projetos inovadores, e destacou a possibilidade de duas ou mais empresas se unirem para o desenvolvimento de uma nova tecnologia, de forma colaborativa.
Segundo Gordon, a cooperação entre competidores e a parceria entre empresas que pertencem a mesma cadeia, é um raro no Brasil, mas bastante praticado em outros países. “ No Brasil, não é usual as empresas terem centros de pesquisas. Tampouco concorrentes trabalharem em parceria. Mas a inovação colaborativa traz múltiplas vantagens: divisão de esforços, conhecimento, custos e riscos em um âmbito pré-competitivo”, afirma.
Um dos primeiros projetos finalizados pelo modelo EMBRAPII uniu quatro grandes empresas concorrentes da área da beleza e higiene: Boticário, Yamá e TheraSkin Farmacêutica e a Natura. As indústrias se juntaram à Unidade EMBRAPII IPT- MAT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas- Materiais) para compartilhar a produção de uma nova técnica de nanoencapsulação. O produto melhora a eficiência do medicamento, pois permite levar elementos chamados de princípios ativos até camadas mais internas da pele, onde produtos como cremes ou pomadas não chegariam. O custo do projeto, de 2,3 milhões de reais, foi dividido entre a Embrapii, a Unidade EMBRAPII IPT e as empresas.
Outro projeto em ação é a produção de dermocosméticos a partir da biodiversidade brasileira, uma realização entre a Unidade EMBRAPII CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), o Aché Laboratórios e a empresa Phytobios.
Dermocosmético é um produto com ativos farmacológicos que agem nas partes mais profundas da pele, produzindo melhora de dentro para fora. Eles possuem registro grau 2 na Anvisa, ou seja, são classificados como cosméticos, porém com comprovação científica de seus efeitos e segurança.
A EMBRAPII conta com uma rede de 42 unidades no país. Nela, o setor de higiene e cosmético encontra centros de pesquisas habilitados para desenvolverem novos processos de produção, novas embalagens, novos produtos e novas tecnologias com uso de Micronização de partículas ou clultura de células, por exemplo.
FINANCIMENTO EMBRAPII
A EMBRAPII – A Empresa mantém contrato de gestão com o Ministério da Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Ministério da Saúde e Ministério da Educação (MEC). A organização atua por meio da cooperação com instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicas ou privadas, tendo como foco as demandas empresariais e como alvo o compartilhamento de risco na fase pré-competitiva da inovação.
O financiamento da instituição obedece a seguinte regra geral: a EMBRAPII pode investir até 1/3 das despesas das Unidades com projetos de PD&I (recursos não-reembolsáveis), enquanto o restante é dividido entre a empresa parceira e a Unidade. Ao compartilhar riscos de projetos com as entidades (por meio da divisão dos custos do projeto), estimula-se o setor industrial a inovar mais e com maior intensidade tecnológica para, assim, potencializar a força competitiva das empresas no mercado interno e internacional.