Alternativas vegetais e multifuncionalidade impulsionam crescimento e importância de critérios científicos para seleção do emoliente ideal para cada projeto
Os emolientes são ingredientes indispensáveis na maioria dos produtos de higiene pessoal, cosméticos e fragrâncias. A Grand View Research estimou o mercado global em US$ 1,38 bilhão em 2021, sendo que segmento de cuidados com pele representou 38,7% das vendas. A previsão é de crescimento anual de 4,7% nos próximos cinco anos. Entre os fatores que impulsionarão o mercado, a empresa de pesquisas cita a expansão do desenvolvimento de emolientes multifuncionais, o aumento das alternativas naturais, principalmente derivadas de óleos de plantas, bem como o aumento previsto do consumo de produtos para pele e cabelo.
“O mercado está fortemente focado em ingredientes naturais em todas as categorias. Vários fornecedores estão investindo em ingredientes majoritariamente de origem vegetal, atendendo assim a demanda de sustentabilidade almejada pela maioria das empresas e consumidores”, afirma Sabrina Hadek, líder de projeto em produtos químicos da Kline, que lançou recentemente um estudo global sobre ingredientes que incluiu o Brasil.
Segundo o estudo, os emolientes, com mais de 14% de participação global entre os ingredientes para higiene pessoal e beleza, só perdem para os surfactantes. A categoria de cuidados com a pele lidera o mercado de emolientes no Brasil, com os ésteres emolientes representando a maior parcela da demanda em 2021 e o crescente uso de óleos naturais. “Os consumidores estão buscando ingredientes multifuncionais que seguem a tendência minimalista”, explica Sabrina.
Ingrediente coringa
O termo “emoliente” é derivado do verbo latino mollire, que significa suavizar. Em uma formulação para cuidados com a pele, sua função é, portanto, suavizar e amaciar a pele, atribuindo flexibilidade, além de criar uma camada protetora, prevenindo contra a perda de água. Já nos cabelos, oferece condicionamento, desembaraço e proteção, entre outros atributos. São compostos por ácidos graxos, lipídios e óleos vegetais.
A gerente de produtos e novos negócios da AQIA, Larissa Reischl,explica que, além da qualidade nominal de emoliência, esses ingredientes têm grande impacto no sensorial, no visual e na performance dos produtos. “A AQIA possui expertise no desenvolvimento de emolientes especiais e vem estudando esse tema há bastante tempo. Temos muitos especialistas em diferentes áreas que analisam como a escolha desse ingrediente influencia significativamente nas formulações cosméticas, assim como pesquisam os itens mais eficazes para ofertar ao mercado.”
Larissa Reischl, gerente de produtos e novos negócios da AQIA
Na AQIA, grande parte do portfolio de emolientes é desenvolvida e fabricada a partir da modificação de lipídios. “A reestruturação desses lipídios é criteriosamente elaborada para garantir a melhor performance do produto para atingir o objetivo proposto”, afirma Larissa, acrescentando que os emolientes são os ingredientes em maior quantidade em vários tipos de formulações cosméticas, como as emulsões.
Na questão de naturalidade, Larissa ressalta que escolher um emoliente que seja 100% de origem natural conforme os critérios da ISO 16128 irá causar grande impacto no valor de naturalidade do produto acabado. Além disso, reforça que a escolha do emoliente irá impactar diretamente em diversas características das formulações, como a viscosidade, cor, aspecto, brilho, sensorial e até mesmo na performance final. “Por isso focamos cada vez mais nossas equipes multidisciplinares para desenvolver e testar emolientes que tragam benefícios múltiplos e que sejam 100% de origem natural, como é o caso do Agreen LSO e do Agreen W”.
Emoliente ativo
A gerente da AQIA explica que o Agreen LSO é um bioéster 100% vegetal obtido do óleo de girassol alto oleico que garante ótima estabilidade à oxidação. “Trata-se de um emoliente ativo de alta espalhabilidade e que confere sensorial extremamente macio e agradável, protege a integridade cutânea e reduz o efeito tacky (pegajoso) de outros componentes adicionados nas formulações, como ceras e óleos mais pesados, além de ser um excelente solubilizante para filtros químicos e dispersante para físicos e pigmentos”.
Esse emoliente pode ser aplicado em séruns, emulsões e óleos faciais; loções, cremes, óleos e manteigas corporais; condicionadores e máscaras capilares, e protetores solares, além de bases, corretivos, pós, sombras e outros.
O Agreen LSO passou por vários testes, incluindo solubilização de filtros químicos e dispersão de filtros físicos, avaliação sensorial em protetor solar e condicionador. Sua performance foi comparada com a performance de um emoliente derivado petroquímico amplamente utilizado (C12-C15 alquil benzoato) e os resultados foram superiores tanto em sun care quanto em hair care.
Mas o que torna o Agreen LSO um emoliente bem diferenciado são os testes in vitro realizados em cultura celular no laboratório de Segurança e Eficácia da AQIA. Larissa conta que o teste de viabilidade celular em queratinócitos revelou que o produto não somente é seguro nas quantidades testadas, como demonstrou um aumento da viabilidade celular, demonstrando efeito citoestimulante. “Isso nos motivou a fazer novos testes para comprovar a capacidade de preservar a integridade da barreira cutânea e performamos a avaliação do efeito proliferativo (imagens abaixo) e da diferenciação em queratinócitos. Devido a esses resultados positivos, chamamos o Agreen LSO de ‘emoliente ativo’, pois ele é um emoliente que apresenta função biológica como um ativo”.
Efeito proliferativo em queratinócitos – Agreen LSO
Emoliente multifuncional
Outro destaque da AQIA 100% vegetal é o emoliente multifuncional Agreen W, éster cetílico da manteiga de karité com alto teor de insaponificáveis. Além de ser uma excelente opção para produtos skin care, body care, face care e make up. Larissa garante que ele melhora a performance de produtos capilares, atribuindo maciez, condicionamento e penteabilidade. “Agreen W também melhora a aparência das formulações. As emulsões ficam mais brancas, brilhantes e viscosas. Sua apresentação em pastilhas também facilita a produção”.
Para avaliar sua performance em condicionadores, foi realizado teste com oito painelistas treinados para avaliação em mechas de atributos sensoriais conferidos por condicionador com 2% de Agreen W em comparação com condicionador placebo. Os resultados mostraram melhoras nas características sensoriais dos cabelos, com diferenças significativas no aumento da maciez, do condicionamento e na melhora da penteabilidade a seco (imagem abaixo).
Ciência sensorial
Na escolha de um emoliente, a avaliação sensorial que, segundo Larissa, pode ser definida com uma disciplina científica que aplica os princípios de desenho experimental e análise estatística para uso dos sentidos humanos (visão, olfato, paladar, tato e audição) a fim avaliar o desempenho dos produtos, tem aplicações fundamentais em produtos de personal care. Ela cita como exemplos a influência das matérias-primas, a escolha entre diferentes formulações, a viabilidade do briefing do marketing e a aceitação e as preferências dos consumidores, além de ajudar a acompanhar especificações, controles de processos e evolução com o tempo.
Além dos laboratórios de P&D, de Aplicação e de Segurança e Eficácia, o Centro de Pesquisa e Tecnologia (CPT) da AQIA conta com o Laboratório de Análise Sensorial e com grupo de painelistas treinados para fazer diferentes tipos de análises, tanto para a pele quanto para o cabelo. De acordo com Larissa, elas podem ser feitas por duas metodologias distintas: metodologia analítica realizada com um grupo de 17 painelistas treinados e metodologia afetiva, feita com painelistas não treinados, que corresponde geralmente a um número maior de voluntários. “Por meio de análise descritiva quantitativa ou discriminatória, é possível prever o comportamento do consumidor em relação ao produto testado”, explica.
“Além do laboratório de análise sensorial, ter um laboratório de segurança e eficácia nas nossas instalações permite diferenciar nossos produtos no mercado. Podemos executar com grande agilidade diversos efeitos de interesse, além da segurança dos nossos ingredientes seguindo as demandas do mercado nacional e internacional. Esse foi o caso do Agreen LSO, que descobrimos ação de ativo em um emoliente através de nossas pesquisas internas”, afirma Larissa.
O Centro de Pesquisa e Tecnologia (CPT), com oito laboratórios, foi inaugurado no ano passado e ocupa uma área de 410 metros quadrados em seu parque industrial, localizado em Guarulhos (SP). A AQIA é uma indústria química 100% nacional que cria, desenvolve e fabrica, desde 1984, ingredientes para as indústrias cosmética, alimentícia, veterinária, agroquímica e farmacêutica.