Empresas do setor cosmético apostam na criatividade e inovação para superar a crise
Para reduzir o impacto de um dos piores momentos econômicos do País, empresas do setor encontraram na inovação o caminho para voltar a crescer
Por Rodrigo Rezende
Crise econômica reflete em negócios cosméticos, admitem executivos do setor. Suas consequências, porém, fazem as empresas se movimentarem em busca de melhorias para minimizar os efeitos adversos que surgem no mercado brasileiro. Nesse contexto, a inovação faz parte dos planos. E não é só em produtos.
A Adcos trabalha inovação em produtos, processos e estratégias, segundo a sócia-fundadora Ada Mota. “Estamos aproveitando esse período para fazer o ‘dever de casa’, atualizar nosso sistema de gestão, ampliar os serviços aos franqueados e apoiar as aberturas de novas lojas”, afirma a executiva.
Ela ressalta que os valores de pontos comerciais e custos de reforma caem significativamente em tempos de crise e que isso traz boas oportunidades de investimento a quem está capitalizado.
Ada admite, contudo, que a empresa esta sentindo os efeitos da crise. “Tanto pelo aumento nos custos decorrente da inflação, taxas de juros e aumento da carga tributária, como pela estagnação da demanda que crescia acima de dois dígitos até 2014”, explica.
Retorno às origens – A Contém1g voltou ao mercado de venda direta, onde iniciou suas atividades, antes mesmo de se tornar uma franquia de lojas e quiosques. Mas, segundo o fundador Rogério Rubini, que comanda a operação da empresa, a inovação está no formato novo de franquia voltada à venda direta: Contém1g Make-up Center.
Essas franquias demandam investimento reduzido, a partir de R$ 49 mil. Nesse modelo, franqueados e novos investidores são os responsáveis pelo recrutamento e treinamento de maquiadoras revendedoras que farão o porta a porta.
“Para novos investidores, é uma excelente oportunidade de adquirir o negócio próprio com valor baixo de investimento. Para os franqueados atuais, a venda direta proporcionará ampliação das vendas, com consequente aumento do faturamento. E para as maquiadoras revendedoras, é um negócio altamente lucrativo, pois elas terão todo o treinamento técnico de maquiagem e vendas e poderão ganhar não somente com a venda de produtos, mas com a realização de cursos de automaquiagem para clientes ou maquiagens individuais para diversas ocasiões”, explica Rubini.
Preço menor – O período mais desafiador leva o consumidor a gastar menos, mas isso pode ser bom. Essa é a leitura de algumas empresas que aproveitam o cenário com olhos no crescimento. Uma delas é a Luxor Cosmetic.
“Começamos a enxergar o momento como oportunidade de crescimento de marca, um dos trabalhos que estamos realizando é ficar mais próximos do consumidor e antenados em suas necessidades”, conta Jan de Oliveira, fundadora e diretora comercial da Luxor.
“Hoje, nossa empresa está focada em solucionar problemas, ou seja, levar aos clientes o produto certo pelo preço justo”, completa.
Segundo a diretora, “é nítida a transformação no comportamento do consumidor em optar por produtos mais baratos e que promovem o mesmo efeito do que possui um valor agregado maior”.
A empresa, ressalta a executiva, busca por inovações diariamente. “Com isso, trazemos novidades ao mercado, como a blindagem de unha, a inovação foi importada da Europa e conseguimos colocar nas mãos de nossas clientes um produto 80% mais barato para conseguir o efeito de unhas em gel”, diz.
A especializada em segmento masculino Dr. Jones percorre esse mesmo caminho. A empresa informa que vende mais de 10 mil itens em 350 pontos de vendas, mas espera atingir 500 até 2017. Em 2016, estima crescer mais de 100%.
“O período (de crise) acaba sendo positivo, posto que competindo também com a indústria internacional, que neste momento perde um pouco de mercado pelo alto da moeda, acabamos tendo a oportunidade de ganhar novos consumidores que experimentam e recompram nossos produtos”, afirma o gerente de marketing Wagner Rusca.
Mais trabalho – Como sintoma do período de crise econômica, a competição maior que se instala deve ser enfrentada por meio de trabalho ainda mais intenso. Pelo menos é essa linha que a Bio Extratus está seguindo, de acordo com Eduardo Avendanho, consultor comercial da empresa.
O executivo afirma que a Bio Extratus está focando o trabalho nos pontos de venda e treinamentos de equipes, isso aliado ao aprimoramento do mix de produtos, mas não é só isso. Além da inovação em produtos, a empresa avança em crescimento sustentável. Recentemente, instalou uma usina fotovoltaica que permite produzir toda a energia elétrica que usa por meio da luz solar.
“É necessário analisar e planejar para o médio e longo prazo, por isso, além da usina, a Bio Extratus inaugurará em 2017 uma nova unidade fabril que terá potencial produtivo de 10 vezes maior do que o atual”, conclui.
Crise? – Nessa onda de quem investe em pleno período de crise e está otimista com relação ao futuro, há também quem esteja longe de qualquer crise agora mesmo. Quem ‘surfa’ nessa direção é a Live.Life Professional, segundo Diogo Durval, gerente de Novos Negócios.
“Temos focado em constantes lançamentos de produtos, investimento em P&D e intensificação dos treinamentos de qualificação aos colaboradores e aos distribuidores da rede, e como resultado dessa sinergia colaborativa, temos o aumento do nosso share, passando intactos pela crise”, afirma Durval.