Jardim sensorial tem efeito de túnel do tempo

Imaginem uma pequena amostra de Grasse num espaço de 125 m2, no meio de um dos centros comerciais de São Paulo… Nem precisa mais imaginar. A exposição Aromatique – Alquimia dos Sentidos está aberta ao público até o dia 25 de setembro, na praça central do Shopping Iguatemi, em São Paulo. Entrada gratuita.
São colunas de plantas e flores que foram um jardim vertical. Cada uma composta por elementos que representam as notas principais de fragrâncias que marcaram época e fizeram história, como J’Adore, Le Male, CK One, Opium, e por aí vai. A exposição sensorial conduz o visitante a viajar no tempo por meio da memória olfativa. São 20 fragrâncias icônicas.
“Este foi o maior desafio: escolher os perfumes que realmente marcaram os últimos 50 anos”, conta Renata Ashcar, especialista em fragrâncias, consultora olfativa da exposição. “A ideia é que todos os visitantes sejam impactos pelas “emoções olfativas” independentemente da idade, gênero, etc”.
Segundo o diretor artístico Marcello Dantas, o objetivo é resgatar cheiros que sentimos no passado e relacioná-los às flores expostas nos jardins verticais. “O encontro entre imagem e memória produz um sentimento marcante ao visitante”, diz.
“A beleza das flores e os cheiros dos perfumes que marcaram a vida das pessoas têm um efeito incrível, mas o mais interessante é ver todas as marcas juntas num jardim de caráter absolutamente cultural e sensorial”, completa Renata Ashcar.

Exposição resgata memória olfativa por meio de fragrâncias icônicas
Viagem olfativa
Para proporcionar as “emoções olfativas”, Aromatique traz um formato inovador. A artista plástica Gica Mesiara, que fez o trabalho de paisagismo e a consultoria botânica da exposição, produziu verdadeiros quadros vivos para compor as colunas do jardim vertical. Detalhe: toda vegetação é 100% natural. São cerca de 8 mil mudas de plantas e flores como patchuli, jasmim, rosas, lírio, lavanda, etc, um verdadeiro jardim sensorial.
“Trabalhei com plantas muito específicas e até raras”, afirma Gica Mesiara. “Em alguns casos, como a frésia e o cravo, usamos arranjos, pois essas flores não são encontradas para comprar com raízes, mas tudo natural”.
E com isso, veio o desafio: como manter as flores vivas e a exposição igual todos os dias? Segundo Gica, as colunas foram adaptadas para reproduzirem o ambiente natural das plantas e atenderem suas necessidades de água, luz e ar. “A grande dificuldade é que o microclima do espaço não é compatível com as exigências das plantas”, afirma. “O ambiente nunca vai ser 100% igual ao que a planta encontra na natureza, mas chegamos o mais perto possível”. Diariamente uma equipe noturna faz a limpeza e a troca de algumas espécies que não resistiram.
O projeto desta instalação levou oito meses para ser desenvolvido e uniu a ideia muito em voga nas cidades de explorar espaços verticais como meio de reflorestamento a um formato que facilitasse a interação do público com a exposição.
Quer saber como funciona?
Ficha Técnica:
Exposição Aromatique – Alquimia dos Sentidos
De 31 de agosto a 25 de setembro de 2016
Praça Iguatemi
Celebração dos 50 anos do Shopping Iguatemi
Diretor Artístico: Marcello Dantas
Perfumista: Renata Ashcar
Paisagismo: Gica Mesiara

Foram selecionadas fragrâncias que fizeram história nos últimos 50 anos
Fragrâncias:
- Acqua di Giò, GiorgioArmani, 1996 – Ciclamem, coentro e frésia. Fragrância cheia de energia, marcada por notas cítricas e aquáticas.
- Anais Anais, Cacharel, 1978 – Rosa e lírio. Revela uma mulher de múltiplas faces e evoca sua dualidade entre pureza e sedução. Inaugurou o conceito de perfume de grife a um preço acessível.
- Acqua Fresca, O Boticário, 1977 – Lavanda, alecrim e jasmim. Primeira fragrância de O Boticário. Tornou um clássico da perfumaria brasileira. Seu frescor aromático faz parte da memória olfativa de toda uma geração.
- Azzaro, Azzaro, 1978 – Manjericão, lavanda, erva doce, gerânio e patchuli. Um dos primeiros perfumes importados no Brasil. Uma construção olfativa que não sai de moda.
- CK One, Calvin Klein, 1995 – Violeta, rosa, abacaxi e frésia. Marcou a década de 90 e reflete os efeitos da globalização e o surgimento da internet. Perfume unissex e andrógino.
- Farenheit, Dior, 1988 – Violeta, lavanda, patchuli e cravo. Revela um homem de valores mais profundos, fora das normas e do sistema. Comunicação de tons quentes.
- Giorgio, Beverly Hills, 1981 – Jasmim, gerânio e gardênia. Perfume símbolo dos anos 80. Essência da boutique da marca, situada na badalada Rodeo Drive. Era o cheiro da Elite.
- Giovanna Baby, Giovanna Baby, 1974 – Rosa, alecrim e gerânio. Inspirada em uma história de encantamento. Eternizou gerações com notas que despertam sonhos, carinho e desejos.
- L ́eau d ́Issey, Issey Miyake, 1992 Ciclamem, cravo e lírio. Fragrância “clara como a água”. Um frescor inédito que marcou a década de 90 por sua faceta leve, aquática e floral.
- J’Adore, Dior, 1999 – Violeta e rosa. Nova interpretação da mulher Dior, mais feminina e radiante. Cada flor tem um papel triunfal na criação.
- Le Male, Jean-Paul Gaultier, 1995 – Lavanda e hortelã. Revisitou a tradição do universo dos barbeiros de outrora se justapondo a virilidade intensa dos perfumes da época.
- Tresor, Lancôme, 1990 – Violeta, rosa, jasmim e íris. Fragrância luminosa criada pela perfumista Sophia Grojsman originalmente como seu próprio perfume.
- La Vie est Belle, Lancôme, 2013 – Gardênia, íris e patchuli. Inspirada na alegria e prazer das pequenas coisas. Uma composição com toque “gourmand”.
- Lily, O Boticário, 2006 – Gardênia, íris, jasmim, lírio, rosa e violeta. Retorno à magia do fazer artesanal (enfleurage). Valorização da arte contida na rica estrutura de um perfume.
- Malbec, O Boticário, 2004 – Cipó uva, violeta, pimenta e patchuli. União da perfumaria com a fabricação artesanal de vinhos. Perfume rico em contrastes.
- Opium, Yves Saint Laurent, 1977 – Rosa, pacthuli, pimenta e jasmim. Trouxe nova vida aos perfumes orientais no final da década de 70. Concentração aumentada a níveis nunca antes atingidos.
- Polo, Ralph Lauren, 1978 – Pimenta, cravo e lavanda. Clássico quase que sagrado do final da década de 70. Cheiro dos “cavalheiros bem-sucedidos” sensíveis à beleza.
- Rastro, 1965 – Lavanda e gardênia. Considerado o primeiro perfume de luxo brasileiro. Receita clássica de refinamento, mas com características essencialmente brasileiras.
- Paris, Yves Saint Laurent, 1983 – Gerânio, rosa e violeta. Nome da coleção de alta costura lançada ao mesmo tempo. Majestade da rosa que se sobressai rapidamente.