Para Bernardo Medeiros, general manager de personal e home care da Lubrizol, foco é ampliar portfólio brasileiro. A entrevista contou também com a participação de Renata Solfredini – LLS Latin America Business Director da Lubrizol.
Recentemente, a Lubrizol integrou as divisões de personal, home e health care, criando a Lubrizol Life Science, visando dar agilidade na colocação dos produtos dos clientes no mercado e fornecer soluções e serviços cada vez mais aprimorados, tanto para os clientes como para os consumidores. “Percebemos que a demanda continua sendo por inovação, só que uma inovação mais proativa, uma parceria muito maior, com agilidade e grande comprometimento em transformar soluções”, afirma Bernardo Medeiros. Confira a entrevista exclusiva que o executivo concedeu para o Portal Cosmetic Innovation, detalhando os impactos do novo posicionamento nos negócios, bem como sobre os investimentos da companhia para ampliar a produção local.
Como a Lubrizol enxerga o futuro da beleza no mercado global, regional e principalmente no Brasil? É um mercado que continua sendo bastante atraente para a Lubrizol. Tem um grande potencial de crescimento e que está evoluindo e mudando bastante se pensarmos nos últimos 10 anos. O avanço que foi feito, estreitando a ligação entre fornecedor de matéria-prima e o consumidor, foi muito significativo. As barreiras estão cada vez menores. Hoje, o fornecedor tem que conhecer muito bem o consumidor final e a Lubrizol vê isto com muito bons olhos. Não é só fornecer matéria-prima. Hoje, a beleza tem que ser pensada de uma forma mais holística, não é só mais um produto, temos devices e uma série de mecanismos para entender o que é necessário para o consumidor. A Lubrizol tem 91 anos e já está fazendo o planejamento para quando chegar aos 100 e como quer estar quando chegar lá. Há uma grande transformação e a tendência continuar aumentando.
O que a Lubrizol vem preparando e qual o principal motivo dessa mudança? Ao invés da Lubrizol definir o que quer ser, fez uma pesquisa na busca de um melhor entendimento de como os clientes nos conhecem, o que valorizam e o que gostariam de ver mais. Percebemos que a demanda continua sendo por inovação, só que uma inovação mais proativa, uma parceria muito maior, com agilidade e grande comprometimento em transformar soluções. Essa foi uma demanda dos clientes. Cliente quer parceria, cliente quer inovação mais proativa e agilidade. Foi feita uma mudança organizacional, criando um grupo focado nesta questão de transformar oportunidades, ter mais flexibilidade para atuar de forma mais ágil. Percebemos também que na questão de inovação, você tem que pensar fora da caixa cada vez mais, valorizando o que somos, um negócio que hoje se tornou a Lubrizol Life Science, dividido em Beauty, Health e Home, três segmentos que têm bastante sinergia.
Mas não só aproveitamos esse branding de tecnologia. Dentro da Lubrizol temos outras áreas – Advanced Materials e Aditivos, e através delas termos acesso a inúmeras outras tecnologias. São expertises que já foram aproveitadas em outros segmentos. A Lubrizol é uma empresa focada em tecnologia, mas cada vez mais pensando no consumidor, inclusive criando um grupo de consumers insights, onde se valoriza muito a busca por conhecimento.
E com esse novo branding, o que vocês vão passar? A marca Lubrizol vai continuar como está e ser um guarda-chuva para uma linha de produtos ou é um conceito? O novo branding é um posicionamento da Lubrizol, da divisão Life Science, que tem como visão atuar como uma startup. Somos uma empresa com 91 anos de expertise, com flexibilidade e agilidade de uma startup, para ter uma parceria com os clientes, agilizando o processo de inovação deles. São novos modelos de negócio. Não é somente fornecer matéria-prima. Manteremos nosso core em tecnologias e soluções em ingredientes, mas estamos muito abertos a trabalhar com clientes, que estão pedindo essa flexibilidade e essa agilidade.
De 2016 para cá, a Lubrizol foi reconhecida com diversos prêmios cosméticos. Pensando nessa escala, o que vocês querem que o mercado perceba de uma forma mais impactante, principalmente no Brasil e América Latina? Todo ano há um número alto de produtos lançados e até questiono se o mercado está aberto para receber tantos produtos assim. No ano passado, a Lubrizol lançou cerca de 10 produtos novos. No mínimo, são lançados 5 novos produtos por ano. Mas a grande mensagem do ano passado foi a aliança com a CP Kelco para trazer soluções mais sustentáveis, assim como a aquisição da Phenobio, uma empresa francesa que possui um processo exclusivo de extração, que veio enriquecer o portfólio de produtos botânicos, sustentáveis e de alta pureza, mas com viés de performance, que vão ajudar o consumidor que valoriza a formulação de produtos de origem mais natural.
No Brasil, vocês têm planos de fazer alguma aquisição de alguma empresa nacional ou na América do Sul? Sempre aberta a aquisições, a Lubrizol está em constante procura por novos negócios que estão alinhadas com sua visão estratégica e que vão trazer valor para o que a empresa busca. Isso em qualquer região ou em qualquer lugar. E o Brasil é um mercado estratégico altamente importante para a empresa.
A prioridade é Phenobio, inclusive, trazendo-a para cá, pois notamos um grande potencial para ajudar a exportar tecnologias feitas no Brasil. Houve um investimento inicial na aquisição e o plano estratégico de investimentos para essa tecnologia no Brasil já está em andamento. Isso vem ao encontro a estratégia de investir na região, explorar o que temos de riqueza do ponto de vista botânico para o mercado local e também para as exportações. É valido ressaltar que, assim como olhamos oportunidades no Brasil para ser feito externamente em termos de aquisição, estas aquisições são cruciais para entrar em áreas que não necessariamente os clientes nos reconhecem hoje, mas que já investimos fortemente, como os botânicos e os produtos mais naturais.
A Lubrizol vem fazendo um investimento muito forte no Brasil para desenvolver sua produção local. A manufatura local é um ponto chave para a Lubrizol e está sendo ampliada com a chegada da Phenobio e a transparência de outros produtos. Atualmente, são plantas que aumentam a cada trimestre o portfólio de produtos que fabricam localmente. Essa é uma prioridade para atender o mercado interno, manter a competitividade e apoiar os clientes. O foco é ampliar a parcela de produtos fabricados no Brasil.
A Lubrizol pretende alterar o modelo de negócio? Há a ideia de vocês trabalharem como extensão do P&D dos clientes e passarem de fornecedor para parceiros estratégico? A Lubrizol já atua desta forma com alguns players do mercado, inclusive tem uma boa participação nesse sentido. O mercado está mudando e a Lubrizol está evoluindo junto com ele. Hoje, não há somente a questão de suprimento ou de fornecimento de matéria-prima, existe o fornecimento de produtos acabados que obviamente é um nicho, pois a ideia não é ser um terceirista, mas sim acelerar o processo de inovação de nosso cliente; fazer com que esse processo seja cada vez mais rápido, que é o que mercado demanda. Temos hoje capabilits globais para ajudar nossos clientes a chegar ao mercado mais rápido.
A flexibilidade é um grande diferencial da Lubrizol; uma multinacional global com footprint nos principais mercados do mundo, laboratórios de ponta, mas que consegue ter essa agilidade de startup.
Como líder em polímeros, qual é o posicionamento da Lubrizol frente a busca do consumidor por produtos cada vez mais naturais e sustentáveis? Como se posicionam para se adequar frente a essa demanda que cresce no Brasil e no mundo? A demanda existe e não é mais uma tendência, é uma realidade e está aí. Tem-se sempre um trade-off entre performance, preço e complexidade. Sempre se comenta que o sintético também é sustentável. Você tem a questão de performance, você tem melhorias que podem ajudar uma formulação de produtos e até um percentual de produtos de naturalidade maior em função dos produtos que utilizamos, ou seja, existem várias formas de melhorar este índice. A Lubrizol reconhece que essa tendência é um movimento sem volta e hoje é uma busca de toda indústria por soluções.
Fomos informados que vocês têm estrutura para fabricação de produtos finais para o cliente, como funciona esse serviço?
Bernardo Medeiros – Hoje a Europa é a região que temos essa capability para fazer produto acabado. Nessa planta podemos fabricar maquiagens ou uma gama relativamente grande de produtos de skin care. Inclusive, já fizemos isso.
É um nicho. Atendemos, por exemplo, uma empresa que quer lançar um volume pequeno, desenvolvemos a fórmula, fazemos todo produto, trabalhando até na embalagem, ou seja, full service.
Renata Solfredini – LLS Latin America Business Director at Lubrizol
Renata Solfredini – só quero esclarecer, para não ter confusão na hora de nos posicionarmos, que isto não é um serviço full service com terceirização. Qual o objetivo principal?
Acelerar inovação para o cliente. Como o Bernardo comentou, de ser uma startup etc. As vezes pode ser uma empresa grande que quer estender uma determinada linha ou que já fizemos um determinado desenvolvimento, já tem uma pesquisa inovadora para explorar, e temos o controle dessa cadeia como um todo. Fazemos o desenvolvimento, temos algumas ideias, inclusive podemos fazer o posicionamento de marketing, se necessário. Também elaboramos a informação, fazemos testes de eficácia, performance, envio e também a produção.
Bernardo Medeiros – o braço é o Open Innovation. O braço de inovação para o cliente é aquele projeto que ele quer tocar, mas que não vai dedicar recurso. Internamente seremos esse braço externo do cliente.