Marcas de cosméticos lideram grande mudança na biodiversidade
Um novo relatório revela as 10 principais lições aprendidas por um grupo de mais de 50 líderes nas indústrias de cosméticos, alimentos e cuidados pessoais que suprem com respeito pessoas e a biodiversidade.
A produção de aloe vera é vital em Campeche – uma região de biodiversidade no México onde os proprietários de terras, cortadores e fornecedores são todos indígenas, principalmente maias. O emprego é limitado e os jovens muitas vezes migram para longe de suas famílias.
“Ao criar uma fonte de renda perto de suas famílias, damos aos jovens uma maneira de encontrar trabalho em suas comunidades e não deixar seu local de origem”, diz Guadalupe Bojorquez, gerente geral da Mexialoe Laboratorios – um fornecedor líder de aloe vera para cosméticos, alimentos, indústria farmacêutica e de cuidados pessoais em todo o mundo.
A história do aloe vera é apresentada em um novo relatório lançado esta semana pela organização internacional sem fins lucrativos, a Union for Ethical BioTrade (UEBT), que apresenta as 10 principais lições aprendidas por um grupo de mais de 50 empresas que são líderes em sourcing com respeito pelas pessoas e pela biodiversidade. O relatório inclui casos de grandes empresas de cosméticos, incluindo Natura, Weleda, The Body Shop, Givaudan e Yanbal Unique; bem como de empresas globais de alimentos, como o Grupo Martin Bauer.
The Big Shift: Business for Biodiversity (traduzindo “A Grande Mudança: Negócios para a Biodiversidade”) oferece um conjunto prático e testado de lições da experiência dessas empresas em sua jornada, com exemplos tão diversos como a camomila da Croácia até o murumuru (usado em produtos para o cabelo) do Brasil. Entre as lições compartilhadas estão que as empresas devem atender tanto às expectativas crescentes dos consumidores quanto ao abastecimento ético, trabalhar com a população local, compartilhar os benefícios econômicos da pesquisa e do desenvolvimento de matérias-primas com as comunidades locais e contribuir para a restauração da biodiversidade local.
Os humanos consomem 7.000 espécies de plantas como alimento e usam quase 20% das espécies de plantas para fins medicinais. A crescente conscientização sobre a importância da biodiversidade, especialmente entre os consumidores mais jovens, tornou o mercado de produtos naturais um dos que mais cresce em vários setores. A biodiversidade saudável é, portanto, fundamental para a capacidade das empresas de fornecer produtos novos e mais vendidos em alimentos, cosméticos, fragrâncias e produtos farmacêuticos naturais.
Eder Ramos, presidente global da Divisão de Ingredientes para Cosméticos da Symrise – grande produtora de aromas e fragrâncias – observa que “para a Symrise, a biodiversidade é uma fonte valiosa de inovação e inspiração para a criação de fragrâncias, aromas, ingredientes cosméticos e funcionais que melhoram a saúde, nutrição e bem-estar. ”
O relatório afirma que hesitar a perda de biodiversidade não é apenas a coisa certa a fazer, mas também é necessário garantir o sucesso dos negócios a longo prazo. As empresas que se movem para tratar da conservação, uso sustentável e regeneração da biodiversidade são aquelas que garantem a disponibilidade de seus ingredientes-chave no futuro.
Entre as principais lições aprendidas no relatório:
1. A biodiversidade é o nosso negócio. As empresas que empreendem esforços para melhorar seu impacto sobre a biodiversidade ao longo de suas cadeias de abastecimento o fazem porque veem um forte argumento econômico para sua ação, entre outros motivos.
2. Biodiversidade significa envolvimento no local. Embora os compromissos da empresa tenham aumentado significativamente, a ação corporativa geralmente fica aquém dos compromissos. A implementação e o relato público de ações concretas no terreno são um desafio significativo.
3. Pessoas e biodiversidade estão intrinsecamente ligadas. São necessários investimentos de longo prazo nas comunidades para tirar as pessoas da pobreza e garantir a preservação da biodiversidade local.
4. A regeneração da biodiversidade é o próximo passo. As empresas estão começando a pensar não apenas em reduzir os danos à biodiversidade e conservar as espécies que estão ameaçadas ou em perigo, mas também em regenerar a biodiversidade nas áreas de abastecimento e em torno delas.
5. Biodiversidade significa trabalhar em parceria. Na cadeia de abastecimento, a colaboração próxima com fornecedores e agricultores ou operadores de campo é essencial, uma vez que os locais têm conhecimentos importantes, devem ter adesão para as ações e são os únicos que podem implementar mudanças reais no local.
Fonte: Sustainablebrands 06.09.2020