O estudo é da Bain & Company, que mapeou todo o ecossistema do luxo no Brasil

O mercado de luxo no Brasil, que movimentou R$74 bilhões em 2022, deve apresentar um crescimento entre 6% e 8% ao ano até 2030, podendo atingir R$ 133 bilhões em faturamento, conforme aponta o estudo da Bain & Company, que mapeou todo o ecossistema do luxo no País.

“Desbravar o futuro do luxo vai exigir agilidade de identificar novos modelos de negócio efetivos e ousadia de se posicionar como o elemento vital na cadeia de valor desses novos modelos”, afirma Lívia Moura, sócia da Bain e responsável pelo estudo.

Segmentando o mercado de luxo em nove categorias: moda e itens pessoais, imóveis, automóveis, saúde, aeronaves privadas, iates, fine art, hotéis e bebidas finas, o levantamento mostra que todos eles cresceram nos últimos anos, mesmo com alguns sendo mais afetados pela pandemia, como automóveis e hotéis. No entanto, outras categorias mostram expansão significativa após a crise sanitária, destacando-se os segmentos de compra de imóveis e aeronaves privadas, que foram menos impactados.

“Para se manterem bem posicionadas no mercado, as marcas devem ficar atentas às mudanças de comportamento dos consumidores, se preparar para a entrada de novos players, além de investir nos canais digitais e no fortalecimento da cadeia de valor”, destaca.

Consumidores alvo

Em relação ao público-alvo, foram considerados os consumidores estabelecidos ou HNW (do termo em inglês High Net Worth) e os afluentes. A análise da Bain sobre os consumidores de luxo constatou que, embora representem menos de 1% da população brasileira, esses indivíduos possuem riquezas líquidas que ultrapassam os R$ 3,5 trilhões. No Brasil, existem 1,2 milhão de pessoas consideradas afluentes (com pelo menos 100 milhões de dólares em ativos líquidos) e 114 mil pessoas HNW com ativos líquidos de pelo menos US$ 1 milhão.

Até 2014, havia cerca de 730 mil pessoas de alto poder aquisitivo no Brasil, uma cifra que aumentou para 1,3 milhão de pessoas em 2022 e pode chegar a 1,5 milhão até 2030. Uma das peculiaridades descobertas no estudo é que, apesar da população HNW ser predominantemente formada por homens (92%), com mais de 50 anos de idade (75%) e residentes no Sudeste (80%), o perfil dos consumidores é muito mais diversificado. Esses consumidores estão principalmente nas regiões Sudeste e Sul, com uma proporção mais equilibrada entre mulheres (52%) e homens (48%), e são integrantes de todas as faixas etárias, com destaque para a faixa entre 25 e 34 anos (31%).

Demandas de consumo

Dentro das principais expectativas do público consumidor de produtos de luxo, o estudo destaca cinco características principais:

1. Hiper personalização: Busca por propostas de valor adaptadas para atender às preferências fragmentadas dos consumidores e micro nichos, incluindo recompensas personalizadas por lealdade e reconhecimento pelo compartilhamento de dados.

2. Sortimento adequado: Seleção de produtos que são significativos para os clientes, considerando aspectos como origem, exclusividade, inovação, entre outros, com o propósito de impactar positivamente a comunidade e o meio ambiente, promovendo valores compartilhados com grupos de consumidores.

3. Acesso onipresente: Possibilidade de realizar a experiência de compra em qualquer lugar, da maneira mais conveniente possível, sem atritos, de formas confiáveis e seguras, seja online, offline ou por meio de canais omnicanais.

4. Conveniente e rápido: Oferta de serviços sob demanda com vários pontos de contato e opções de atendimento, destacando-se pela transparência, rastreabilidade e disponibilidade de informações oportunas e acessíveis sobre as especificações e diferenciais dos produtos, facilitando a tomada de decisões informadas.

5. Humanização: Interações compassivas e calorosas para equilibrar a automação, fazendo uso de gamificação para proporcionar maneiras interativas de entreter, educar, inspirar e envolver os consumidores.

A importância crescente da tecnologia no mercado é evidente. Ela se manifesta no desenvolvimento com processos mais inteligentes, criando produtos e serviços cada vez mais avançados em desempenho e qualidade. A tecnologia também transforma a interação das marcas de luxo com os consumidores, permitindo níveis elevados de personalização e engajamento. Adotar uma mentalidade e ação de nativo digital, acompanhando as tendências do mercado, será crucial para o sucesso no setor de luxo nos próximos anos.