Simone Baratta destaca o grande potencial para atender ao mercado brasileiro de perfumaria e cosméticos de alta qualidade
Especializada na produção e decoração de embalagens de vidro de alta qualidade para os mercados de perfumaria e cosméticos, a Bormioli Luigi — empresa fundada em 1946, em Parma, na Itália — participou da FCE Cosmetique 2025, realizada no mês passado, em São Paulo.
Na ocasião, o diretor da Unidade de Negócios Beauty, Simone Baratta, fez um balanço dos cinco anos da empresa no país e falou sobre a estratégia de expansão, em entrevista ao portal Cosmetic Innovation. “Acho que o mercado brasileiro já está trabalhando com alta qualidade, mas há também espaço e uma tendência para a premiunização. Então, espero que no futuro tenhamos produtos ainda mais complexos e exclusivos. É nesse segmento do mercado que também queremos estar”, afirma o executivo.
É sua primeira vez no Brasil?
Não. Estamos celebrando o quinto aniversário da Bormioli Luigi do Brasil. Para isso, trabalhamos com a equipe há mais de cinco anos. No início há muita atividade, pois, é necessário estabelecer relações com parceiros, fornecedores e clientes, conhecendo o mercado o máximo possível, costumava vir duas ou três vezes por ano. Afinal, é importante estar presente. Por outro lado, há um time local, além dos meus colegas na Itália, que também acompanham o mercado de perto e viajam com frequência. Tentamos oferecer um bom suporte porque esta é uma escolha estratégica. Acreditamos que este seja um mercado importante para nós.
O que a Bormioli Luigi está trazendo para apresentar nesta edição da FCE?
A Bormioli Luigi já participou da feira nos últimos quatro anos, embora esta seja a minha primeira vez. Aproveito para dizer que é uma feira excelente. Fiquei impressionado com a qualidade dos expositores e das visitas. Há muitos contatos importantes.
E vocês estão lançando algum produto novo na feira?
Sim, claro. Neste ano, apresentamos, alguns exemplos das nossas principais atividades e lançamentos na Europa, onde utilizamos tecnologias bastante complexas para desenvolver novos formatos e decorações arrojadas e bonitas — e também soluções com vidro ultraleve, que é uma tendência importante atualmente.
Estamos promovendo tecnologias como o flocking (decoração tem efeito aveludado no frasco), diferentes sistemas de fechamento e variadas opções de impressão, que são realmente interessantes para este mercado. Oferecemos diferentes tipos de gargalo para o mesmo frasco, pois hoje a maioria dos produtos busca ser reciclável e o gargalo passa a ter um papel ainda mais relevante. Ainda falando de decoração, estamos propondo algumas soluções inovadoras, como a pintura interna nas versões metalizadas, que proporciona um efeito espelhado no vidro.
Por fim, estamos também apresentando uma nova coleção de frascos standard — itens padrão desenvolvidos especificamente para atender às novas necessidades, tendências e gerações. Muitos desses lançamentos são inspirados na ecoconcepção: são muito leves, produzidos com PCR, e com 100% de energia proveniente de fontes limpas e renováveis. Com isso, o impacto ambiental e a pegada de carbono são significativamente menores.
A Bormioli Luigi tem estrutura aqui no Brasil, certo?
Sim, contamos com uma estrutura em São Paulo, no bairro de Pinheiros, formada por três profissionais responsáveis por vendas, cadeia de suprimentos (supply chain) e atendimento técnico. Também temos uma parceria com uma consultoria para apoiar a gestão administrativa e financeira.
A Bormioli Luigi mantém estoque local? A decoração é feita aqui?
Sim, temos um bom armazém. Além disso, contamos com parcerias com decoradores locais. Normalmente, nosso modelo consiste em importar o frasco de vidro flint da Itália e realizar a decoração no Brasil, pois precisamos ser o mais flexível possível. Um mesmo frasco pode ter diferentes opções de acabamento, e é melhor finalizá-lo localmente para acompanhar as variações da demanda dos clientes e reduzir o tempo de resposta ao mercado.
Em relação à concorrência, podemos dizer que o principal concorrente é a Wheaton, por exemplo?
A Wheaton é o principal player nesse mercado. É uma empresa sólida, historicamente estabelecida no Brasil, que oferece um bom serviço aos clientes. No entanto, acredito que o mercado precisa de mais opções. Não se trata apenas de ser melhor ou ter um preço mais competitivo, mas de oferecer alternativas — talvez soluções ainda não disponíveis no mercado local — proporcionando uma importante garantia de continuidade dos negócios, diversificação e plano de contingência. Acredito que o mercado está crescendo e caminhando em direção à premiunização. Há espaço tanto para nós quanto para outros players.
Ou seja, há espaço para todos?
Há espaço para todos que conseguem oferecer um bom produto. O mercado de beleza, no Brasil e no mundo, é muito exigente e promissor. Acredito que seja um setor bastante dinâmico e resiliente, porque os clientes têm grande capacidade de desenvolver novos produtos e interpretar as necessidades do consumidor final. Mas é essencial ser capaz de oferecer produtos que entreguem o valor esperado por esse consumidor, seja em design, qualidade, sustentabilidade, inovação ou reconhecimento da marca. Isso não é para qualquer um.
Você poderia citar alguns clientes importantes no Brasil?
Hoje temos uma boa parceria com o Grupo Boticário e a Nat&Co, que são os mais relevantes, mas também atendemos outros clientes, como a Casa Granado. A Casa Granado tem se destacado bastante — são muito criativos, estão crescendo e possuem boas ideias. Acredito, inclusive, que há espaço neste mercado para novas empresas. Por que não? Há muita criatividade no Brasil quando se trata de beleza.
A Bormioli Luigi é reconhecida pelas embalagens de alta qualidade. Como vocês equilibram funcionalidade, estética e sustentabilidade?
Esse é o nosso negócio e a nossa essência. A Bormioli Luigi sempre foi um player de alto nível no mercado. Acredito que o Brasil já trabalha com produtos de alta qualidade, mas há espaço para a premiunização. Espero que, no futuro, tenhamos frascos ainda mais sofisticados e exclusivos. Somos capazes de oferecer frascos transparentes e com brilho intenso, novos formatos e soluções que respeitam totalmente as exigências técnicas, como dimensões, funcionalidade dos gargalos e compatibilidade com as tampas. Essa é a estratégia para posicionarmos nossos produtos no Brasil: oferecer algo que ainda não está amplamente disponível no mercado local, seja em termos de qualidade ou de soluções no vidro e na decoração.
E quanto aos mercados locais: como você enxerga o Brasil e a América Latina como potenciais? Existem planos de expansão?
Como comentei, estamos celebrando nosso quinto ano de atuação no Brasil e estamos muito satisfeitos com o crescimento, pois conseguimos estabelecer boas parcerias. Estamos abrindo o mercado e estamos plenamente convencidos de que essa é a melhor decisão. O Brasil tem um grande potencial, é dinâmico e a população tem uma forte cultura voltada à beleza e ao perfume. Além disso, há espaço para oferecer produtos de qualidade mais elevada. Nossa estratégia é apostar também nesse segmento premium, apresentando alternativas às soluções locais. Nestes cinco anos, montamos a estrutura, expandimos nossa atuação e fortalecemos o relacionamento com fornecedores e clientes. No futuro, não descartamos a possibilidade de instalar operações locais, embora isso não esteja previsto para o curto prazo.
Há planos para produção local no Brasil?
No futuro, podemos considerar um serviço próprio de decoração no país. Ainda não temos nada planejado ou confirmado, mas acredito que possa ser uma opção interessante. Somos uma empresa familiar, o que nos torna bastante ágeis e flexíveis nas decisões. A companhia está aberta a novos investimentos e oportunidades.
Vocês trabalham com distribuidores ou operam diretamente no Brasil?
Nossa equipe é responsável por toda a operação: desde a importação do vidro da Europa até a finalização, logística e venda para o cliente final.
Gostaria de acrescentar algo mais?
Estamos aqui e a estratégia da Bormioli Luigi deve estar muito clara para todo o mercado. Não viemos apenas para testar. Viemos para oferecer alternativas com valor agregado. Estamos convencidos de que o mercado será cada vez mais receptivo a essa proposta, pois ele vai crescer e se tornar mais premium.