Pesquisadores da Ufopa desenvolvem batom de bacuri com pigmento de jambo
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), localizada em Santarém, oeste do Pará, produz um batom com que tem em sua fórmula base duas matérias-primas regionais: bacuri e o jambo-vermelho.
A manteiga extraída do bacuri é usada no lugar da cera de abelha, e o extrato do jambo funciona como o pigmento natural que dar cor ao produto. Um dos objetivos do estudo é retirar da formulação a maior quantidade possível de elementos tóxicos e o tornar o mais natural possível.
O projeto está em fase de desenvolvimento, é coordenado pela professora Kariane Nunes, do curso de Farmácia. De acordo com a pesquisa, batom usa como insumo o caroço do bacuri, que costuma ser descartado pela indústria alimentícia. “A principal matéria-prima dos batons é a cera de carnaúba, que dá a dureza, e a cera de abelha, que dá emoliência. Mas a cera de abelha, é muito cara. Então substituímos pela manteiga de bacuri, que pode ser usada como umectante”, explica a pesquisadora.
Além de agregar valor comercial ao produto, por utilizarem matéria-prima mais acessível e barata, a manteiga de bacuri também proporcionou maior funcionalidade. “Conseguimos provar que nossos batons são muito mais hidratantes que os produzidos com cera de abelha”, ressalta. Foi quando surgiu a ideia do jambo-vermelho, muito frequente em quintais e ruas de Santarém.
Inovação
A intenção é tornar o batom produzido na Amazônia o mais natural possível, os pesquisadores já começaram a pensar na linha dos biocosméticos ou cosméticos verdes em parceira com Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), consideraram a possibilidade de trabalhar com pigmentos naturais, partindo do uso de frutas locais. Os frutos são separados por tempo de maturação, para a obtenção da cor bem homogênea. Depois descascamos e secamos as cascas por uma semana. É necessário ter cuidado com a temperatura de secagem, porque os pigmentos contidos nas cascas podem oxidar.
Em seguida moer e deixar as cascas em afundadas em álcool para ir retirando o extrato, esgotando as cascas aos poucos. Depois é preciso retirar o álcool e por fim resta apenas o pigmento puro para aplicar na formulação. Outra inovação da pesquisa foi a substituição do dióxido de titânio presente na fórmula por goma de tapioca. O dióxido funciona como uma espécie de protetor solar, deixando a formulação mais clara e permitindo controlar a tonalidade do pigmento.
Regulamentação
A legislação possui algumas brechas, o que facilita a produção de cosméticos faciais contendo pigmentos sintéticos com altos teores de metais pesados, avisa a professora. “A longo prazo, a exposição diária a essas substâncias pode causar doenças como câncer, perturbações neurológicas e desordens no aparelho reprodutor, por exemplo”, destaca a pesquisadora Kariane Nunes.
Mesmo ainda passando por aprimoramentos, a ideia do batom de jambo já está protegida através do depósito do pedido de patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi). Nessa iniciativa, a equipe de pesquisa contou com o apoio da Agência de Inovação Tecnológica (AIT) da Ufopa.
Fonte: G1