A fabricante japonesa de cosméticos Shiseido disse na quinta-feira passada que pretende atingir um crescimento anual de vendas de 20% na China, mas alertou para o aumento dos custos trabalhistas após uma onda recente de disputas salariais.

“Shiseido considera o mercado chinês como o motor do seu crescimento”, disse Masaru Miyagawa, diretor da divisão chinesa da empresa, acrescentando que “temos que considerar a pressão ascendente sobre os custos trabalhistas na China”.

A Shiseido, que entrou na China em 1981, tem uma participação de mercado de cerca de 10% no mercado de cosméticos do país, juntamente com outros gigantes da indústria, Procter & Gamble e L’Oreal, disse Miyagawa.

“Temos conflitos trabalhistas uma ou duas vezes por ano na China, mas essas disputas são causadas principalmente por diferenças salariais entre trabalhadores regulares e trabalhadores temporários”, disse Miyagawa. “Porque nós tratamos as queixas rapidamente, eles não se tornaram um problema sério”, acrescentou ele.

A empresa tem uma fábrica em Pequim e outra em Xangai. As vendas no exterior representaram 36,9% do total da Shiseido no ano fiscal de março, impulsionado principalmente pelo crescimento na China.

À medida que a economia da China cresce, as demandas por salários mais altos estão provocando uma dor de cabeça para as empresas estrangeiras que enfrentam custos mais altos, mas também podem ser uma benção para os outros, com aumento da renda para estimular a demanda por produtos de alta qualidade.

Várias empresas estrangeiras enfrentaram recentes disputas trabalhistas na China, incluindo a segunda maior montadora do Japão, a Honda.

De acordo com a Federação de Sindicatos da China, quase um quarto dos funcionários chineses não tiveram um aumento em cinco anos.

A empresa taiwanesa de alta tecnologia Foxconn – que conta com a Apple, a Hewlett-Packard e a Sony entre seus clientes – aumentou 67% os salários de seus milhares de trabalhadores na China após 11 suicídios, 10 deles no sul da cidade de Shenzhen.

No início desta semana, cerca de dois mil trabalhadores da fábrica KOK Machinery, na cidade de Kunshan, fora de Xangai, saíram da linha de montagem, exigindo melhores salários e um ambiente de trabalho melhorado, informou o China Daily.