As algas são organismos capazes de ocupar todos os meios que lhes ofereçam luz e umidade suficientes, temporárias ou permanentes; assim, são encontradas em águas doces, na água do mar, sobre os solos úmidos ou mesmo sobre a neve. Podem ser uni ou pluricelulares e retiram todos os nutrientes que precisam do meio onde estão.

Por Patrícia Andrei Saslavsky

As algas podem ser subdivididas em três diferentes reinos: monera, protista e plantae.

Monera – Composto pelas algas azuis ou cianobactérias, que são unicelulares, procariontes e autótrofas. Habitam vários ambientes, desde que haja umidade, e tem a capacidade de realizar fotossíntese e aproveitar o nitrogênio atmosférico.

Protista – Composto por algas dos filos Euglenophyta, Pyrrophyta e Chrysophyta. São organismos unicelulares, autótrofos ou heterótrofos e eucariontes. É o primeiro grupo que possuem mitocôndrias, cloroplastos, retículo endoplasmático e complexo de Golgi. As algas deste reino apresentam pigmentos – clorofilas, carotenos e xantofilas – organizados em organelas denominadas plastos, que permitem a fotossíntese.

Plantae – Organismos pluricelulares, eucariontes e autótrofos, dos filos Chlorophyta, Rhodophyta e Phaeophyta. As Chlorophyta são algas verdes, muito abundantes nos ambientes aquáticos, onde é um dos mais importantes componentes do fitoplâncton. São responsáveis pela maior parte da produção de oxigênio molecular disponível no planeta a partir da fotossíntese. As Rhodophyta são algas vermelhas, quase que exclusivamente pluricelulares e marinhas. As Phaeophyta são algas pardas, organismos pluricelulares predominantemente marinhos, formando imensas florestas submersas. As algas pardas são as maiores existentes, podendo atingir mais de 25 m.

As algas são utilizadas pela indústria alimentícia, farmacêutica e de cosméticos, além de outros usos diversos.

No mercado cosmético alguns ativos a base de algas estão disponíveis para uso em produtos para a pele e cabelos.

Hypnea musciformis Extract (and) Gellidiela acerosa Extract (and) Sargassum filipendula Extract (and) Sorbitol é um ativo marinho de alto desempenho, desenvolvido a partir da cuidadosa combinação de algas vermelhas e marrons em uma proporção especialmente formulada para a obtenção de máximo efeito sobre a pele e cabelos.

As interações iônicas entre os grupos sulfato dos poligalactosídeos e os radicais amina da pele conferem a este ativo elevada substantividade cutânea e capacidade de formação de película protetora, com ótimo desempenho sensorial e um toque suave, hidratando e conferindo ação firmadora à pele. Além disso, também protege e alivia a pele das irritações cutâneas causadas pela ação de componentes químicos agressivos em fórmulas cosméticas, tais como espumas de barbear, sabonetes líquidos, banhos de espuma, clareadores de pelos, alisantes para cabelos à base de tioglicolatos ou carbonato de guanidina, cremes depilatórios e muitos outros.  Seu uso em sabonetes além de proteger a pele de irritações causadas pelos tensoativos, mantém a integridade da barreira cutânea, evitando a perda de água transepidermal da pele sensibilizada.

O ativo tem afinidade com os cabelos devido à afinidade entre os grupos sulfato dos poligalactosídeos presentes nas algas com os radicais amino da queratina, formando uma rede protetora e hidratante sobre os fios.

O ativo mantém os cabelos sempre hidratados e com brilho. A grande afinidade da rede hidratante com as proteínas do cabelo ajuda a ordenar as cutículas danificadas por agentes químicos (alisantes, oxidantes), físicos (secadores, “chapinha”) ou pela ação mecânica (penteado, escova), recuperando o brilho e o balanço natural dos cabelos. Também auxilia na proteção do couro cabeludo contra a irritação causada por agentes químicos alcalinos ou oxidantes utilizados para tingir e/ou alisar cabelos.

O ativo auxilia ainda na manutenção de cutículas fechadas, de forma que quando exposto ao sol os fios consigam refletir a radiação solar, impedindo que ela penetre no córtex e danifique as proteínas, comprometendo a sua estrutura.

Teste realizado com mechas de cabelos para avaliar a eficácia do ativo no aumento de brilho dos fios demonstrou resultados significativamente superiores quando comparado com testes utilizando um controle, conforme gráfico abaixo, onde ‘Inicial’ são as mechas secas sem tratamento, ‘1L’ são os resultados obtidos após uma lavagem com os produtos e secagem por 24 horas e ‘3L’ são os resultados obtidos após três lavagens com os produtos e secagem por 24 horas. CRTL representa o grupo controle e TRAT representa o grupo tratado com shampoo e condicionador contendo o ativo a uma concentração de 0,8%.

Observa-se que após as mechas de ambos os grupos apresentaram valores de significativamente superiores em relação ao estado inicial (sem tratamento), após 1 e 3 lavagens com os produtos. Os valores dos grupos Controle (CTRL) e Tratado (TRAT) após 1 e 3 lavagens foram estatisticamente comparados entre si. De acordo com os resultados obtidos, após uma lavagem, as mechas submetidas aos tratamentos Controle (CTRL) e Tratado (TRAT) não apresentaram diferenças significativas entre si, porém após três lavagens consecutivas, as mechas do grupo Tratado (TRAT) apresentaram valores significativamente superiores (23%) em relação às mechas do grupo Controle.

Patrícia Andrei Saslavsky é diretora da PAS Consult – Soluções em Desenvolvimento de Produtos & Bem-Estar
Contato: [email protected] / (11) 99629-8630

Referências:

• VIDOTTI, Eliane Cristina; ROLLEMBERG, Maria do Carmo E.. ALGAS: DA ECONOMIA NOS AMBIENTES AQUÁTICOS À BIOREMEDIAÇÃO E À QUÍMICA ANALÍTICA. Quim. Nova, Paraná, v. 27, n. 1, p.139-145, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/qn/v27n1/18822.pdf>. Acesso em: 08 jan. 2016.

• Literaturas dos ativos.