O mercado global de biotecnologia azul, que aplica a ciência e a tecnologia em organismos marinhos para transformá-los em biomassa ou moléculas, deverá apresentar um acréscimo de US$ 3,58 bilhões entre 2021 e 2025, registrando uma taxa de crescimento anual composto (CAGR) de 7,5%, segundo relatório da Technavio publicado este ano. Suas aplicações já são uma realidade em vários setores, incluindo farmacêutico, alimentos e bebidas, gestão ambiental, tratamento de água e cosméticos.
Considerando especificamente os cosméticos e dermocosméticos, na avaliação da farmacêutica Hoda Nahas, gerente de vendas para a América Latina da Lucas Meyer, três os principais fatores estão contribuindo para a ampliação da aplicação da biotecnologia azul: naturalidade, evidências científicas e sustentabilidade dos processos de extração.
Hoda Nahas, gerente de vendas para a América Latina da Lucas Meyer
“A cada ano, os consumidores estão exigindo soluções mais naturais, fato evidenciado pelo crescimento da lista de ingredientes sintéticos desaprovados pela clean beauty”, afirma Hoda, ilustrando o primeiro aspecto. Partindo para o segundo fator, ela observa que, como resultado da pandemia, as pessoas estão se engajando novamente com a ciência baseada em evidências, buscando fontes confiáveis e soluções fundadas em conhecimento para a saúde e o bem-estar. “Isso indica um interesse sem precedentes na ciência dos cuidados com a pele e cabelo que nunca vimos antes”.
O terceiro ponto motivador apontado por Hoda diz respeito ao fato de que grande parte dos consumidores entende que os recursos do planeta são limitados e que práticas de abastecimento inadequadas podem ter efeitos devastadores. Segundo a Mintel, 75% dos consumidores dos EUA que usam produtos de beleza e cuidados pessoais concordam que manter o planeta seguro é tão importante quanto a segurança das pessoas e 15% reconhecem que ingredientes naturais equivalentes cultivados em laboratório são mais sustentáveis do que ingredientes extraídos da natureza.
“Todos esses drivers se conectam para apontar diretamente a biotecnologia como uma solução para responder às necessidades do consumidor por produtos de beleza conscientes”, defende Hoda, ressaltando que a produção de ingredientes cosméticos naturais em laboratório ou biorreator, replicando o ambiente natural, na maioria dos casos, é realizada sem a necessidade de colher continuamente biomassa da natureza.
Biotecnologia azul aplicada
A capacidade natural da microalga rosa Dunaliella salina em resistir à forte radiação solar inspirou a Lucas Meyer a capturar seus mecanismos fotoprotetores e criar um novo ativo cosmético biomimético antiglicação e antienvelhecimento para cuidado da pele: o IBR-Solage™, um extrato lipossolúvel da Dunaliella salina, microalga cultivada de forma sustentável sob o sol do Mediterrâneo, 100% natural (ISO 16128), livre de conservantes e vegan compatible.
A Dunaliella salina, também conhecida como pink microalgae, não é estranha a condições extremas, já que vive em ambientes de alta salinidade e radiação solar intensa. Sob o estresse solar, essa microalga, normalmente verde, adapta-se gerando grandes quantidades de betacaroteno, o que lhe confere uma cor rosada. “Curiosamente, ela também acumula os precursores do betacaroteno, os carotenoides incolores fitoeno e fitoflueno, muito desejados pelos formuladores de cosméticos, pois trazem todos os benefícios dos carotenoides, mas sem o impacto da cor do betacaroteno”, diz Hoda.
Carotenoides incolores
Hoda explica que a capacidade das microalgas em inibir a formação de produtos de glicação avançada (AGEs, do inglês, advanced glycation end-products), é diferente de muitas plantas terrestres, que dependem principalmente de seu poder antioxidante polifenólico. Em microalgas, uma ampla gama de antioxidantes não fenólicos pode ser produzida. “Ácidos graxos poli-insaturados e carotenoides demonstram fortes benefícios antiglicação. No entanto, os carotenoides coloridos, como o betacaroteno, apresentam um desafio para os formuladores de cosméticos, pois podem colorir fortemente a fórmula e potencialmente a pele”, pontua.
Já carotenoides fitoeno e fitoflueno são os precursores de todos os coloridos, possuindo as mesmas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, com a vantagem de não conterem cor. Outra distinção, segundo Hoda, quando comparados aos carotenoides coloridos, além de absorverem luz na faixa UV, sua estrutura química única os torna menos suscetíveis à oxidação e têm a capacidade de estabilizar, proteger e aprimorar outras biomoléculas.
Mecanismo de ação sofisticado
O ativo IBR-Solage™ biomimetiza a adaptação da Dunaliella salina ao estresse solar para combater a glicação, processo que a Lucas Meyer denominou de Glyc-Aging™. Hoda lembra que a glicação modifica as propriedades biomecânicas e funcionais das principais proteínas estruturais da pele, interferindo em inúmeras funções fisiológicas. Por meio da interação com seu receptor (RAGE), os AGEs ativam vias moleculares que prejudicam a homeostase do tecido. “A glicação resulta em perda de elasticidade, rugas, inflamação e hiperpigmentação da pele”, destaca.
Proteção multifuncional
A Lucas Meyer comprovou que o IBR-Solage™ fornece proteção multifuncional à pele: diminui a formação de AGEs induzidas e desintoxica os pré-existentes, regula a expressão de NRF2, aumentando o poder antioxidante celular e a capacidade de desintoxicação de AGEs, além de diminuir a produção de IL6 e IL8, o que reduz a resposta inflamatória. “Testado em voluntários com exposição solar diária por 2 meses, previne a glicação e ajuda a remover as proteínas glicadas, melhora a elasticidade e firmeza da pele e previne a rugosidade induzida pelo sol, além de reduzir manchas vermelhas e manchas UV. Tudo isso para promover uma pele saudável”, afirma Hoda.
Na avaliação do efeito antirrugas e firmeza em voluntários expostos a alta exposição solar diária, com a aplicação de gel creme com 1% de IBR-SolAge™, os resultados comprovaram que ele melhora a firmeza e a elasticidade da pele e previne e repara seu enrugamento induzido pelo sol, resultando em uma pele de aparência suavizada, comprovando sua capacidade antiglicante (imagem abaixo).
Redução de manchas
O IBR-SolAge™ também reduz significativamente o aparecimento de manchas UV, induzidas pelos AGEs, que estimulam a produção de melanina e resultam em hiperpigmentação. Usando imagens VISA, refletindo luz UV para acompanhar as manchas em número, intensidade e área atingida, é possível ver na imagem abaixo como manchas desaparecem já após 28 dias de uso, enquanto outras diminuem em tamanho e intensidade.
Ação anti-inflamatória
Para explicar a ação anti-inflamatória, Hoda lembra que a ligação do AGE ao seu receptor RAGE ativa a sinalização do NF-kB, iniciando assim uma resposta inflamatória que se manifesta no aumento do fluxo sanguíneo para a área inflamada e na ocorrência de manchas vermelhas. “A aplicação de IBR-SolAge™ resultou em uma diminuição significativa na ocorrência de manchas vermelhas, indicando uma atividade anti-inflamatória eficiente. Registramos uma diminuição de 52% na contagem de manchas vermelhas já após 28 dias de uso (imagem abaixo)”.
Além do IBR-SolAge™, Hoda ressalta que a Lucas Meyer desenvolve e fabrica muitos outros ativos cosméticos únicos, bioeficientes, de alta performance e seguros para as pessoas e o planeta. “Oferecemos uma sofisticada linha de produtos naturais, de origem marinha e botânica, contendo peptídeos biomiméticos e ativos biotecnológicos. Eles são projetados para manter as respostas naturais do corpo, fortalecer suas defesas contra as agressões ambientais, prevenir o aparecimento de sinais de envelhecimento e enfrentar outros desafios cosméticos contemporâneos”, finaliza.